É inconcebível que o Espírito Santo, tão estrategicamente posicionado na costa brasileira, permaneça há tanto tempo de costas para as rotas de cruzeiros marítimos, um mercado turístico que vem sendo incrementado recentemente pelas viagens temáticas. Roberto Carlos e Xuxa já embarcaram na tendência. Até Neymar vai encarar o alto-mar no fim do ano.
O Porto de Vitória já chegou a ter mais de 31 paradas em uma única temporada de cruzeiros, em 2011, mas a questão é que os navios estão maiores, o que em muitos casos inviabiliza a entrada na Baía de Vitória. Em dezembro do ano passado, após três anos sem embarcações turísticas atracadas, a Capital recebeu o Ocean Explorer, com 98 passageiros de 15 países e 82 tripulantes. As grandes embarcações que circulam pela costa brasileira chegam a levar 4,5 mil passageiros.
A Secretária de Estado de Turismo (Setur) anunciou que vai assinar um contrato com a Universidade de São Paulo (USP) para realizar um estudo de viabilidade técnica para a parada de cruzeiros no litoral capixaba, buscando alternativas para o fluxo de turistas.
A ideia de operar como em Búzios e Fernando de Noronha, onde os turistas são levados até terra firme em barcos menores, parece ser uma boa opção, sem dificuldades para ser implementada. O desembarque no Hotel Senac, na Ilha do Boi, caso não haja impactos ambientais ou urbanos, também pode ser uma forma de trazer os visitantes para a Grande Vitória.
O importante é debater todas as possibilidades, não dá para adiar mais a existência de uma operação sistematizada, com uma agenda organizada. Há um ecossistema de turismo, do pessoal especializado para o receptivo dos turistas na cidade às próprias atrações, que pode se desenvolver com o fluxo contínuo de transatlânticos no Estado.
O turismo foi colocado como o setor que mais pode conter as perdas que o Espírito Santo terá com a reforma tributária. Na segunda-feira (13), o governo estadual vai lançar a Rota Estratégica para o Turismo 2035, uma agenda de ações de curto, médio e longo prazo para o setor. Para o próximo ano, contudo, a proposta orçamentária para o turismo prevê um corte de 51% na comparação com o orçamento de 2023.
O Espírito Santo tem atrativos que precisam ser reconhecidos, com mais visitantes. A entrada na rota dos cruzeiros de uma forma efetiva e profissional é cumprir com o próprio destino de um Estado localizado no litoral. É assim que a expressão "ficar a ver navios" ganha um novo sentido para o Espírito Santo, bem mais positivo que a original.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.