Às margens do quilômetro 46 da ES 261, entre Itarana e Santa Teresa, 37 cruzes corroídas pelo tempo simbolizam, na região da Serra do Limoeiro, o histórico de acidentes no local. O trecho, asfaltado desde 1986, coleciona tragédias no trânsito, deixando marcas na vida de quem vive na região. Uma história que mereceu destaque na seção Capixapédia, de A Gazeta.
Chega a ser melancólico que o memorial improvisado, idealizado em 2013 por um sargento aposentado da Polícia Militar e um padre de Itarana, não tenha surtido mudanças significativas na segurança do trecho ou em mais prudência dos condutores. Uma placa no local diz, em letras garrafais: "Trecho com alto índice de acidentes".
E os registros deles continuam frequentes, como o tombamento de um caminhão carregado de madeira em julho do ano passado. Em maio de 2021, um caminhão-tanque perdeu o controle na região conhecida como “Curva da Morte”, bateu em uma pedra e explodiu.
Mas o protesto, simbolizado pelas cruzes fincadas na beira da estrada, tem um peso, ao simbolizar a inércia. Quando 500 moradores de Itarana se mobilizaram em 2013 para levar as cruzes em procissão ao local, ficou evidente o clamor social por mais segurança na via. Um grito coletivo por melhorias viárias pelo poder público, mas também por mais prudência, principalmente dos condutores de caminhões pesados que trafegam pelo local e são os principais envolvidos em acidentes.
Na reportagem de Mariana Lopes para a Capixapédia, o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) foi procurado e afirmou que há um projeto de reabilitação do trecho, com previsão de início para o segundo semestre de 2024, sem mais detalhes. A conferir.
O Espírito Santo tem gargalos de segurança viária que recebem mais holofotes, sobretudo nas rodovias federais como a BR 101 e a BR 262. São demandas importantes, pelo tamanho do fluxo e pela importância logística dessas vias. Mas é preciso dar a atenção necessária à malha viária estadual, onde os acidentes seguem tirando muitas vidas. As cruzes da Serra do Limoeiro, em algum momento, podem simbolizar a mudança de destino de um trecho marcado pela tragédia.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.