Só no Espírito Santo, já são 20 mortes por dengue confirmadas e 42 óbitos em investigação em 2024. Durante todo o ano de 2023, foram 98 mortes. Já no Brasil, as mortes deste ano até o momento já ultrapassaram a marca dos óbitos dos 12 meses de 2023.
Dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde da última quinta-feira (18) mostram 1.544 óbitos em todo o território nacional em 2024, enquanto em todo o ano passado foram 1.094.
A epidemia de dengue é uma realidade incontestável, e mesmo que as ondas da doença estejam relacionadas a circunstâncias ambientais e à circulação de diferentes sorotipos, o enfrentamento não pode ceder ao cansaço. Com as autoridades sanitárias em permanente adoção de medidas de eliminação do mosquito, com a responsabilização da população que não combate os focos em terrenos privados, com governos em todas as esferas colocando em prática medidas sanitárias para a redução dos casos.
Neste ano de 2024, há um aliado de peso: uma vacina realmente eficaz, disponível no Sistema Ùnico de Saúde (SUS). Seu principal avanço em relação a outras é poder ser utilizada tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto naquelas sem histórico da doença, garantindo proteção universal. Uma vacina que na rede privada custa cerca de R$ 400. E, mesmo assim, está encalhando nos postos de saúde.
Tanto que, na semana passada, o Ministério da Saúde emitiu nota técnica liberando a ampliação da vacinação para todas as pessoas de 4 a 59 anos, para reduzir a perda das doses com vencimento no próximo dia 30 de abril. A imunização em curso, inclusive no Espírito Santo, inclui apenas crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Como no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), não há doses próximas do vencimento, o público-alvo não será ampliado. E é nesse sentido que fica o reforço: pais e mães com filhos nas idades contempladas precisam se conscientizar e levá-los aos postos de saúde, nos municípios nos quais as vacinas estão disponíveis. É uma oportunidade que não pode ser perdida, para começar a mudar o quadro da dengue no país.
É preciso ter em mente que a vacina, em duas doses, não necessariamente terá impacto na redução da doença neste estágio da epidemia. Mas é uma ação de imunização que olha para o futuro, com possibilidade de impedir novos ciclos tão arrabatadores da doença quanto o atual. Nunca houve uma campanha de vacinação contra a dengue no Brasil, é a chance de fazer história.
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