Dengue em alta no ES é a volta dos que não foram

A dengue nunca desapareceu, mesmo que tenha se escondido nos escombros da Covid. É uma guerra que não pode ser vencida sem um poder público atuante nos níveis federal, estadual e municipal

Publicado em 06/03/2023 às 01h00
Dengue
Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, vírus zika e chikungunya. Crédito: Divulgação

Os três anos da pandemia de Covid-19, por motivos óbvios, tiraram a dengue de um protagonismo de décadas no Brasil. O que não significa que a doença transmitida pelo mosquito aedes aegypti (também vetor da chikungunya e da zika) tenha deixado de existir no período. O mais provável é que, como ela apresenta ciclos endêmicos e epidêmicos, os anos da pandemia tenham sido de trégua, pelo menos no que diz respeito à explosão de casos, que costumam acontecer a cada 4 ou 5 anos.

Mesmo assim, o ano de 2022 foi marcado por recorde nacional de mortes, com 1.016 registros, segundo o Ministério da Saúde, superando as 986 mortes registradas em 2015, a maior marca anterior. Em 2020, foram 574 óbitos e, em 2021, 246.

No Espírito Santo, os números já apontam uma alta assustadora no início de 2023. Até o dia 24 de fevereiro, houve o registro de 24.026 casos de dengue. Número que já superava o total de casos de todo o ano de 2022, com 20.929. É possível que, nos anos em que a Covid teve relevo, tenha havido subnotificação, sobretudo nos casos mais leves da doença. Mas o crescimento exponencial mostra que a dengue está de volta com força.

Outro dado preocupante foi a divulgação pelo Laboratório Central (Lacen) de que, após quatro anos, o Estado voltou a registrar o sorotipo 2 da dengue. O rastreamento do vírus (a dengue possui quatro sorotipos) é uma importante medida epidemiológica, sobretudo porque a infecção consecutiva por diferentes sorotipos pode resultar em casos mais graves da doença.

Ao mesmo tempo, há boas notícias. Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou registro de vacina contra a dengue, o segundo imunizante aprovado no país para combater a doença. Não há informações, contudo, sobre a previsão do uso do imunizante.

A dengue nunca desapareceu, mesmo que tenha se escondido nos escombros da Covid. É uma guerra que não pode ser vencida sem um poder público atuante nos níveis federal, estadual e municipal, com políticas públicas contínuas de fiscalização e prevenção. E a população, obviamente, é protagonista nesse processo, adotando as medidas sanitárias para evitar os focos do mosquito e a disseminação da doença. O combate à dengue é um compromisso individual para o bem-estar coletivo.

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