Dengue tipo 3: chegada do sorotipo ao ES precisa ser levada a sério

É uma situação que complica o enfrentamento da doença por aumentar as chances de infecção na população ou tornar os casos mais graves

Publicado em 10/03/2025 às 01h00
Mosquitos aedes aegypti, que transmitem a dengue
Mosquitos aedes aegypti, que transmitem a dengue. Crédito: Agência Brasil

No Brasil, as tréguas da dengue costumam ser curtas, com ciclos endêmicos e epidêmicos da doença. Assim, alguns anos são mais virulentos que outros. Em São Paulo, foi decretada situação de emergência, com 118 mortes registradas em 2025 até o dia 21 de fevereiro.

Aqui no Espírito Santo,  não há confirmação de óbitos, mas nove estão ainda sob investigação, de acordo com informações da  Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Somente neste ano, foram 44.133 notificações de dengue em território capixaba, com 9.207 casos  confirmados.

que preocupa é a confirmação de dois casos do sorotipo 3 no Estado, algo que não ocorria há dez anos.  É uma situação que complica o enfrentamento da doença por aumentar as chances de infecção na população, já que os sorotipos que têm circulado no Estado (1 e 2) não garantem imunidade em infecções prévias. E também há o risco de casos mais graves quando há sucessivas infecções por diferentes sorotipos. O poder público precisa estar preparado.

O combate clássico à dengue é feito com medidas sanitárias bastante divulgadas e conhecidas de eliminação dos focos do mosquito Aedes Aegypti: basicamente é acabar com água parada. Mas a conscientização da população não consegue dar conta de mudar esse quadro, tampouco há fiscalização eficiente do poder público. Os fluxos e refluxos da doença fazem parte da realidade brasileira há décadas, principalmente nos grandes centros urbanos. 

A boa notícia é que, enfim, uma vacina, que pode impedir o desenvolvimento das formas mais graves da doença, entrou nesse campo de batalha. A Qdenga  foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, e no ano passado chegou à população. Mas ainda disponível para um grupo restrito, em 1,9 mil cidades do país em que a dengue é mais frequente. Mesmo assim, a procura é baixa, o que fez a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitir um alerta em janeiro passado.

O Ministério da Saúde, que acaba de passar por uma troca de comando, em fevereiro  emitiu uma nota técnica para todos os estados e o Distrito Federal  permitindo a ampliação do público-alvo do imunizante, com remanejamento para novos municípios, de doses cujo prazo de validade está prestes a expirar.

É justamente a capacidade limitada do fabricante da Qdenga que impede a ampliação da vacinação para outros públicos, o que vai começar a ser solucionado com a produção de 60 milhões de doses anuais da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantan. O imunizante ainda precisa ser aprovado pela Anvisa.

É uma corrida contra o tempo, e espera-se que o Ministério da Saúde tenha agilidade na coordenação das ações nacionais, sobretudo para fazer com que a vacina já disponível chegue ao público-alvo, para não haver desperdícios, o que também exige empenho das autoridades sanitárias de estados e municípios. Os casos de dengue tipo 3 ainda são poucos, mas é com  planejamento e organização que é possível reduzir os riscos. E a vacina é a melhor estratégia.

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