Desarticulação de facção é duro golpe no tráfico de Vila Velha

Município testemunhou escalada da violência neste ano, e prisão de liderança em prédio de alto padrão de Itaparica é importante reação das autoridades de segurança pública

Publicado em 25/07/2022 às 02h00
Obituary
Operação Obituary: armas apreendidas com integrantes de facção criminosa de Vila Velha. Crédito: Júlia Afonso

Vila Velha se tornou o epicentro da violência no Espírito Santo em 2022. Já no primeiro bimestre, as estatísticas mostravam o município como cenário de um em cada quatro homicídios registrados no Estado. De janeiro a abril deste ano, foram 72 mortes violentas na cidade. Pelo noticiário, ficou evidente a eclosão de uma guerra urbana promovida por gangues rivais. 

Com operação Obituary, da Polícia Civil, deflagrada no município na última quinta-feira (21), tomou-se conhecimento do protocolo da morte dentro da facção que comandava o tráfico de drogas da região de Grande Santa Rita, alvo da ação. Segundo as informações fornecidas pelos policiais, os nove integrantes presos na operação eram conhecidos por enviar fotos dos corpos de rivais assassinados para comprovar a conclusão do "trabalho". Razão essa que levou ao batismo da operação com o termo em inglês para "obituário".

A principal prisão foi a de Wende Oliveira de Almeida, de 26 anos, o chefe da organização criminosa, em um prédio de alto padrão localizado em Itaparica. A esposa e o cunhado dele também foram presos. Denominado Terceiro Comando Puro, o TCP, o grupo foi responsável por 11 ataques somente neste ano em Vila Velha, de acordo com a polícia, sendo um deles um triplo homicídio no bairro Jaburuna, no dia 25 de janeiro.

Informações que colocam o grupo como ao menos um dos responsáveis pela escalada da violência na cidade neste ano. Como se sabe que existe uma rotatividade muito rápida e eficiente nos organogramas do crime, a polícia precisa continuar à frente dos passos desses bandidos, dando prosseguimento ao trabalho de inteligência que teve incontestável sucesso até agora nessa empreitada. 

A Polícia Civil tem informações de que o TCP usava uma distribuidora de bebidas e uma loja de roupas femininas registradas em nome de um laranja para lavar o dinheiro sujo do grupo. É um dado precioso. Como os próprios policiais explicaram, essas "lavanderias" permitiam que o dinheiro voltasse a ser investido no próprio tráfico, tanto na compra de drogas quanto na de armas melhores.

É assim que se desarticula com eficiência uma organização criminosa: atingindo as suas finanças. Não se trata de somente seguir o dinheiro, mas impedir que ele continue irrigando as atividades criminosas.

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