
O próximo presidente vai encontrar, em 2027, um país com as contas públicas em colapso, como indicam as estimativas da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2026 — as metas e prioridades da administração federal para os próximos quatro anos que foram entregues pelo governo federal ao Congresso nesta semana. É o preço a se pagar pelo descaso com o equilíbrio fiscal: um governo sem recursos suficientes, dentro das regras fiscais, até mesmo para a manutenção da máquina pública.
Mais do que empurrar um problema, que já deveria estar sendo combatido, para o início do próximo mandato, esse estrangulamento orçamentário é um retrato da falta de comprometimento do governo Lula com o controle das despesas. Que nada mais é do que organizar os gastos de acordo com o que é prioridade para o país. De acordo com a LDO, esses gastos vão subir acima do arcabouço fiscal e vão faltar R$ 10,9 bilhões para honrar os compromissos constitucionais com saúde e educação.
É um governo que sofre de um otimismo arreacadatório em seus planos e projeções, com previsões impraticáveis de aumento de receitas. Já o ajuste fiscal segue deixado de lado, afinal há sempre um cálculo político em cada passo. É o populismo de sempre, de afirmar que não se pode deixar de gastar para que o povo se beneficie, quando na verdade é a qualidade do gasto que transforma a sociedade de fato.
O descuido fiscal que permite o endividamento crescente é o que mantém o país no atoleiro, com uma crise de confiança que não parece ter fim. E assim investimentos são afugentados, e não se atinge um crescimento econômico sólido. Esse, sim, capaz de proporcionar oportunidades e qualidade de vida. No contexto previsto pela LDO, o cenário deve ser de mais inflação, mais gastos governamentais com juros e menos recursos para os serviços prestados à população.
Empurrar o problema para o próximo mandato não é só deixar a conta para o próximo ocupante do Palácio do Planalto, que pode vir a ser o próprio Lula ou algum aliado. Quem paga o preço são os próprios brasileiros.
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