Tudo o que envolve a saga de Elizia Lobo de Souza, de 92 anos, por uma consulta que acabou não acontecendo no Hospital Dório Silva, na Serra, na última quinta-feira (31) é digno de indignação imediata.
Elizia é moradora do distrito de Imburana, em Ecoporanga, região Noroeste do Espírito Santo, e precisou sair do município às 23h de quarta-feira (30) para fazer uma revisão após uma cirurgia na bexiga, realizada em julho. Depois de seis horas de viagem, deu com a cara na porta. Só no hospital ela foi informada do adiamento da consulta.
Já seria bastante inconveniente, sobretudo por se tratar de um acompanhamento pós-cirúrgico necessário de uma senhora de 92 anos que realizou um procedimento há pouco mais de um mês, mas o mínimo a se fazer em um caso desses é avisar ao paciente com antecedência, para evitar que ele faça uma viagem tão cansativa em vão.
Depois, outro absurdo foi a falta de explicações por parte da equipe do hospital. Todo cidadão e contribuinte não tem direito de ao menos saber por que não vai receber atendimento de saúde assegurado pela Constituição? Elizia, que estava acompanhada da filha, não mereceu.
Mãe e filha tiveram que esperar, sem alimentação e o mínimo conforto, até o fim da tarde pelo transporte de volta a Ecoporanga, um ônibus bancando pela prefeitura. "Estou sem almoço, porque não temos dinheiro para comer. Hoje minha filha veio me acompanhar, mas às vezes tenho que pagar alguém para vir comigo". Uma realidade vivida por centenas de moradores do interior do Estado que diariamente se deslocam para receber atendimento especializado nos hospitais da Grande Vitória.
O noticiário de A Gazeta é a prova de que esse é um problema crônico na saúde. Desde a longa espera por atendimento e cirurgias eletivas, até a falta de comunicação de hospitais sobre cancelamentos repentinos de consultas. Em 2013 e 2019, como mostrado nos recortes do jornal acima, a decretação de ponto facultativo na Grande Vitória chegou a ter impacto no serviços prestados, com consultadas agendadas sendo canceladas.
Elizia Lobo de Souza perdeu a viagem e a confiança de que terá sua consulta garantida em outubro. Insensibilidade ou má gestão do hospital, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) precisa apurar o que ocorreu e dar respostas à sociedade.
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