Desenrola Brasil: tirar famílias das dívidas é impulsionar o crescimento

O Desenrola Brasil pode ajudar muita gente a ter um respiro, mas sem uma reorganização fiscal do país será apenas uma medida paliativa

Publicado em 19/07/2023 às 01h00
Negociação
Cálculos de dívidas. Crédito: Freepik

O endividamento das famílias, que atingiu o patamar mais alto no país (78,5%) na série histórica da  Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC em junho deste ano, acabou se tornando no Brasil um obstáculo para o consumo das famílias, o mais importante componente do PIB, considerado o motor da economia.

O Desenrola Brasil, que acaba de ser lançado pelo governo federal para renegociar dívidas, é um programa oportuno para amenizar esse que é também um problema com impactos sociais. São 71,9 milhões de brasileiros nessa situação, impossibilitados de  pedir empréstimos, abrir crediário ou fazer um novo contrato de aluguel. Ou seja, impossibilitados de movimentar a economia, mas também de planejarem e organizarem a própria vida. 

Com o programa que terá duas fases, o governo Lula estimula as instituições financeiras a propor taxas mais vantajosas para saldar as dívidas, mas não vai fazer milagres. É importante que milhões de brasileiros consigam limpar seus nomes para poderem fazer novas dívidas "responsáveis", como dito pelo próprio presidente, mas para atacar estruturalmente o problema do endividamento o caminho vai muito além da necessária educação financeira da população.

Primeiramente, o Brasil carrega uma elevadíssima taxa de juros, que transforma o crédito em um martírio com o passar do tempo. O comprometimento da renda é inevitável, freando o consumo e o crescimento econômico. O Desenrola Brasil pode ajudar muita gente a ter um respiro, mas sem uma reorganização fiscal do país será apenas uma medida paliativa. A inadimplência voltará a dar as caras.

Recorrer ao crédito é  importante para as famílias, essencial para os setores produtivos. Sem ele, o desempenho econômico fica comprometido. O Desenrola, neste momento, pode colocar muitas famílias na rota do consumo e movimentar a economia positivamente. O Brasil só precisa se reorganizar e criar um ambiente no qual elas não voltem a se enrolar.

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