A região conhecida como as Três Santas (Santa Teresa, Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá) vem chamando cada vez mais a atenção de visitantes por seus atrativos históricos, gastronômicos, econômicos e, sobretudo, naturais. Um circuito repleto de belezas que justificam o interesse crescente. O turismo em Santa Teresa vem se consolidando, com uma agenda de festivais que movimentam a cidade, e há potencial de crescimento para Santa Leopoldina e Santa Maria de Jetibá.
No contexto da reforma tributária, esse movimento é importante demais. Com o fim da guerra fiscal no horizonte, o Espírito Santo já coloca suas fichas no turismo como forma de conter as perdas econômicas. Um setor que depende de investimento privado, mas que precisa ter no Estado um indutor.
O desafio, contudo, é a sustentabilidade. O mesmo poder público que propicia a infraestrutura para o desenvolvimento do turismo precisa estar atento aos abusos. A questão ambiental nas Três Santas é uma preocupação, visto que a ganância propiciada pelo turismo tem trazido danos à região.
Na semana passada, uma operação identificou 39 pontos de desmatamento ilegal e 27 barragens irregulares, em loteamentos irregulares que, segundo o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf-ES), seriam usados para especulação imobiliária, com a instalação de pousadas e chalés.
Não é novidade. Desde 2019, foram realizadas 1.139 fiscalizações na região. Mas essa ação do poder público não tem tido o resultado repressivo esperado, já que os flagrantes seguem acontecendo. A expansão imobiliária se dá a olhos vistos por quem visita principalmente Santa Teresa. Lá há reservas preservadas e em recuperação de Mata Atlântica que, com o desmatamento feito no varejo nessas pequenas propriedades, aos poucos vão desaparecendo. Fiscalizar somente não está surtindo o efeito, não há divulgação sobre punições.
O desmatamento vira literalmente uma zona cinzenta, com a sociedade sem as devidas respostas sobre o que está acontecendo. Existem leis ambientais que estão sendo constantemente descumpridas, enquanto novos imóveis são erguidos.
O turismo é um importante vetor de desenvolvimento para qualquer região, se estiver acompanhado de boas práticas ambientais. Não pode ser predatório, é preciso encontrar um caminho sustentável. Governo estadual, prefeituras locais e Ministério Público precisam dedicar um tempo especial às Três Santas. Elas precisam de proteção neste momento.
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