Do carnaval de rua à megaloja fechada, os altos e baixos do Centro de Vitória

Lá se vão mais de 30 anos de ações pontuais, fluxos e refluxos, que não foram capazes ainda de promover a região de forma integral e perene. Mas há caminhos

Publicado em 24/02/2023 às 00h45
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Unidade da Renner no Centro de Vitória encerrará atividades em 28 de fevereiro. Crédito: Google Street View

Revitalização do Centro de Vitória: desde o fim dos anos 80, quando os serviços públicos, empresas e comércio começaram a migrar para os arredores da Enseada do Suá e da Praia do Canto, também na Capital, essa expressão se tornou um modismo que, com o passar do tempo, acabou se esvaziando. Afinal, lá se vão mais de 30 anos de ações pontuais, fluxos e refluxos, que não foram capazes de promover a região de forma integral e perene.

Como destino de cultura e lazer, o Centro teve avanços visíveis. Na última década, o carnaval de rua se estabeleceu com uma assiduidade que era impensada nas décadas anteriores; a região da Rua Sete e da Gama Rosa é há alguns anos um reduto boêmio fortalecido, com bares e restaurantes que conseguiram se manter no circuito e atrair jovens e adultos de toda a Grande Vitória. Mas um importante aparelho cultural segue fechado desde 2017: o Teatro Carlos Gomes.

Ao mesmo tempo, o esvaziamento comercial segue em curso nos dois principais eixos: as avenidas Princesa Isabel e Jerônimo Monteiro. Na Princesa Isabel, o próximo dia 28 será marcado pelo fim das atividades da megaloja da Renner, localizada em frente às Americanas no ponto em que a Mesbla marcou época.

A Renner não informou o que motivou o fechamento da unidade, mas segue uma tendência iniciada em 2016, quando a C&A deu por encerrada as atividades do primeiro estabelecimento da rede inaugurado no Espírito Santo 33 anos antes. A constatação é que, comercialmente, o Centro deixou para trás o fervor que até meados dos anos 90 ainda fazia as pessoas se direcionarem à região para compras e serviços. Com a descentralização dos centros urbanos, essa é uma realidade que não será retomada. 

O que não significa que se deve desistir dessa tal revitalização, tão perseguida. O desafio é a busca de novas vocações, com a constituição de um novo ecossistema socioeconômico que garanta a sustentabilidade dos negócios que escolham o Centro como sede. A Prefeitura de Vitória anunciou no fim do ano passado incentivos tributários para atrair empresas para a região.  Uma operadora de cartões vai ocupar um andar inteiro de um prédio da Princesa Isabel a partir de abril atraída por essa iniciativa.

A Lei do Retrofit, que zera a cobrança de IPTU para imóveis que forem modernizados sem descaracterização da arquitetura, é também um importante incentivo para a ocupação dos imóveis sem uso. Há muito a ser feito. A reforma do Mercado da Capixaba avança, o que pode promover uma valorização do entorno. Ao mesmo tempo, aguarda-se a definição de uma destinação para os armazéns da Codesa, já nas mãos da iniciativa privada.

É possível tornar o Centro de Vitória atrativo de uma forma consolidada, superando os altos e baixos das últimas décadas, com a superação das iniciativas isoladas que promovem apenas ilhas temporárias de recuperação. Se hoje há um Centro que dá certo e um Centro abandonado, é possível uma revitalização total, a partir do trabalho conjunto da municipalidade, do Estado e da União. O Centro de Vitória pode voltar a ser um local com circulação contínua de pessoas, com segurança para o consumo e para o lazer.

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