Duplicação da BR 262: entre o que dá para fazer e o que deveria ser feito

O anúncio do edital foi uma promessa para os cem dias do governo Lula que conseguiu ser cumprida a tempo. O governo federal vai precisar satisfazer também o compromisso de tocar as obras em um primeiro momento

Publicado em 31/03/2023 às 01h00
Leião da BR 262 foi adiado de novembro para dezembro de 2021
Trecho da BR 262. Crédito: Vitor Jubini

Quando se discute o futuro da BR 262 após tanta frustração acumulada nos últimos dez anos, fica difícil escapar de um impasse entre o que é possível ser feito para modernizar a via e o que seria o ideal. Chegou-se a um ponto em que o mínimo passou a ser considerado aceitável, como a  instalação de terceiras faixas em pontos mais críticos, quando o mais adequado seria duplicar a rodovia de ponta a ponta.

O custo elevado da obra, diante das características geográficas e geológicas da região, contribuiu nos últimos anos para afastar empresas da empreitada e com elas o sonho de uma BR 262 com soluções de engenharia que aliassem a duplicação completa com mais segurança viária. Por isso, causou surpresa que no edital publicado pelo governo federal nesta quinta-feira (30) estejam previstas, além da duplicação, intervenções como viadutos, pontes, passarelas e até mesmo um túnel.

O próprio superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Espírito Santo (Dnit-ES), Romeu Scheibe Neto, falou em "ousadia" ao se referir à obra.  “É uma obra ousada, por isso o alto investimento”, disse ele, referindo-se aos R$ 35 milhões do projeto básico. Será, então, viável? 

A empresa vencedora da licitação no dia 26 de abril será responsável pela elaboração desses estudos de tráfego e engenharia em dois anos e meio, o que empurra o início das obras nos 180,6 quilômetros em território capixaba para depois desse prazo. Incluindo aí estudos socioambientais para a modelagem da concessão, ponto que deu muita dor de cabeça na BR 101.

Até lá,  a promessa do ministro Renan Filho, que esteve no Estado na semana passada, é já começar a realizar investimentos que melhorem de forma paliativa o tráfego na BR 262, como as terceiras faixas. As autoridades capixabas precisam cobrar que isso seja feito. Não há dúvidas de que a BR 262 não pode esperar, e qualquer intervenção prévia que melhore a situação da rodovia é bem-vinda. E urgente.

A BR 262 é uma importante via de escoamento de produtos da região e pode se tornar mais competitiva nacionalmente em outros setores, com o upgrade de segurança proporcionado pela duplicação. O turismo é também uma área que tem muito a ganhar com uma rodovia  mais moderna. 

O anúncio do edital foi uma promessa para os cem dias do governo Lula que conseguiu ser cumprida a tempo.  O governo federal vai precisar satisfazer também o compromisso de tocar as obras em um primeiro momento, com o intuito de tornar a concessão mais atraente no futuro. Foi dado um passo,  só espera-se que não tenha sido mais largo do que as pernas. Mais um fiasco na duplicação da BR 262 vai ser difícil demais de engolir.

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