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É preciso estar preparado desde já para reduzir danos das chuvas no ES

Deslizamento de terra e alagamentos na Grande Vitória após chuva no último fim de semana ligam o sinal de alerta para riscos de nova tragédia ambiental durante o verão

Publicado em 04/12/2024 às 05h43
Deslizamento de terra no bairro Joana D'Arc, após chuva volumosa em Vitória
Deslizamento de terra no bairro Joana D'Arc, após chuva volumosa em Vitória. Crédito: Vinicius Colini

Dezembro está apenas começando, e o verão nem chegou ainda. Mas as chuvas intensas características desta época já provocaram estragos no fim de semana passado. Ruas alagadas e deslizamentos de terra foram registrados na Grande Vitória, causando prejuízos que se repetem ano após ano. Foi apenas uma prévia de cenas que, inevitavelmente, vão voltar a ocorrer nos próximos meses no Espírito Santo. Como já foi alertado aqui neste espaço, em diferentes ocasiões, trata-se de um período marcado por temperaturas elevadas acompanhadas de chuvas volumosas. Portanto, é preciso sempre estar preparado para o pior.

O alerta já foi dado em previsões feitas pela empresa de meteorologia Climatempo e pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Dezembro terá pelo menos um evento de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que é o principal sistema meteorológico causador de chuvas intensas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Em grande parte do Espírito Santo, o volume de chuva deve ficar acima da média nesse período.

Na madrugada do último domingo (1º), Vitória registrou o maior volume de chuva (97,11 milímetros). O temporal não deixou feridos, mas, em Joana D’Arc, houve deslizamento de terra, com queda de árvores, de poste de energia e do muro de uma casa. Outros pontos na Região Metropolitana também foram impactados, com alagamentos nos bairros Santa Lúcia e São Cristóvão, na Capital, e na Glória e em Aribiri, Vila Velha.

Apesar de desta vez os impactos não terem sido generalizados, o Estado ainda carrega o trauma de episódios recentes de tragédias ambientais, como as ocorridas em Mimoso do Sul e Apiacá, em março deste ano, e em Iconha, em 2020, além do desastre das chuvas de 2013 em praticamente todo o território capixaba.

Se não há formas de impedir a ocorrência dessas tragédias climáticas, cabe aos gestores agirem. A aprovação de um auxílio do governo do Estado no valor de R$ 3,5 mil vai ajudar a amenizar o prejuízo sofrido por famílias vítimas das chuvas. Porém, essa é uma ação para o cenário pós-desastre. 

Para minimizar o efeito das chuvas, é importante investir em obras de drenagem e de novas galerias. Nesse aspecto, Vila Velha, em parceria com o governo do Estado, está aplicando cerca de R$ 1 bilhão em macrodrenagem. Já foram entregues seis das nove estações de bombeamento de águas pluviais previstas. Vitória, por sua vez, anuncia investimentos de cerca de R$ 470 milhões para macrodrenagem na Grande Santo Antônio, Ilha de Santa Maria, no Cruzamento, em Monte Belo, Jucutuquara e Fradinhos, além de melhorias nas estações de bombeamento.

Tais estruturas são fundamentais para agilizar o escoamento da água durante chuvas volumosas. Cabe ainda às prefeituras manter o trabalho constante de limpeza de rios, córregos e bueiros, para mitigar o risco de alagamentos. Serviço que pode ser facilitado com a colaboração dos moradores, evitando jogar lixos e entulhos nesses cursos d’água.

O Poder Público também deve focar na montagem de planos de prevenção que visem à preservação de vidas. Sistemas de alarmes, como o Alerta!ES, são importantes para monitorar o clima e prever a possibilidade de chuva forte em cada localidade. Outra ferramenta, desenvolvida pelo governo federal, está prevista para começar a funcionar esta semana, com o envio de alertas de emergência para a população. No entanto, é essencial que esses avisos também sejam associados a treinamentos para que os moradores saibam como agir diante a necessidade de abandono de ruas e residências em áreas de risco, antes de um temporal.

Levantamento feito pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB) mostra que o Estado tem pelo menos 325 mil pessoas vivendo em 1.180 áreas de risco de deslizamento, queda de blocos, enxurradas e inundações. Desses pontos, 260 são ligados a risco de alagamento. Muitos deles estão situados em áreas de ocupações desordenadas, onde, quando chove em demasia, a infraestrutura urbana deficiente entra em colapso.

Diante da previsão meteorológica para os próximos meses e das vidas que podem estar em risco, o Poder Público não deve ficar parado à espera do próximo temporal. As ameaças climáticas impõem uma agenda de planejamento urbano não só para o Estado, mas para todo o país. O sinal de alerta precisa ficar ligado durante todo o tempo. O compromisso para que fortes chuvas não sejam sinônimo de tragédia no Espírito Santo deve ser perene.

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