Educação: tempo perdido na pandemia divide ainda mais a sociedade

A redução das desigualdades provocadas pelas carências de aprendizado - no ES, 40% das crianças de 6 e 7 anos não sabem ler e escrever - deve ser prioridade entre aqueles que serão candidatos nas eleições deste ano

Publicado em 11/05/2022 às 02h00
Sala de aula
Sala de aula, alunos, escola. Crédito: Shutterstock

No Espírito Santo, os prejuízos dos dois anos de pandemia na educação começam a ser sentidos, e essas informações devem servir de guia para os gestores públicos, sobretudo aqueles que almejam cargos nas eleições deste ano. É tema primordial em qualquer debate eleitoral sério, deve ser prioridade em programas de governo, em projetos de país. É algo a ser tratado com a seriedade e o empenho das lideranças, com o envolvimento da sociedade civil.

As defasagens de aprendizado decorrentes do fechamento das escolas - uma medida que foi necessária para evitar contaminações e mortes nos momentos mais críticos da crise sanitária -  mostram-se mais acentuadas entre os estudantes do ensino público,  o que aumenta o abismo em relação aos estudantes da rede privada, que apesar das dificuldades tiveram acesso  a um ensino remoto mais qualificado. Os mais pobres muitas vezes nem sequer tinham estrutura domiciliar capaz de proporcionar o aprendizado.

De acordo com o Instituto Jones dos Santos Neves, no Espírito Santo, mais de 40% das crianças de 6 e 7 não sabem ler e escrever. O dado é referente a 2021 e aponta o imensidão do desafio. A educação precisa como nunca ser uma das grandes agendas estruturais, em todas as esferas.

A situação crítica do ensino infantil, com os primeiros passos da alfabetização, tem um impacto em todo o processo educacional futuro.  A formação com carências nessa base vai formar cidadãos menos qualificados, com impacto na produtividade do país. A educação se conecta com a economia,  e por isso é preciso dimensionar sua importância na redução das desigualdades sociais. Uma sociedade bem educada acaba sendo uma sociedade menos violenta, com oportunidades ao alcance de todos.

Enquanto somente as crianças de famílias com melhores condições financeiras continuarem tendo acesso a uma educação de qualidade, o Brasil vai continuar fazendo distinções cruéis entre seus cidadãos. A pandemia de Covid-19 foi um evento inesperado, que acabou colocando em destaque os diferentes universos educacionais do país. Reforçou o déficit digital e a própria falta de condições de tantas famílias de estabelecer um ambiente propício para o estudo.

Os prejuízos de aprendizado a partir de agora ficarão cada vez mais visíveis. Gestores públicos e legisladores têm um compromisso com a elaboração de propostas e sua devida execução neste momento tão crítico para a educação brasileira. Quanto mais rápido houver uma reação organizada, menos perdido será o tempo desta  geração. 

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