O enfrentamento da Covid-19 ganhou agilidade com a decisão, acertada, de dispensa de licitação para a compra de insumos e materiais hospitalares por parte do poder público. Diante das incertezas que cercavam o tratamento dos pacientes e o crescimento exponencial de novos casos, não havia outra saída.
A emergência sanitária exigiu que a administração pública se livrasse dos obstáculos burocráticos para a aquisição dos equipamentos essenciais, como respiradores, para combater um vírus até então desconhecido.
Uma oportunidade que se abriu para os oportunistas, não se ignorava à época os riscos de reduzir o controle das compras públicas, uma porta aberta para a corrupção. Sempre houve, em toda a história humana, quem tentasse lucrar com a tragédia, e o Brasil é pródigo em situações assim.
Mas havia um inimigo comum a ser combatido, um mal maior. Para salvar vidas, era preciso ser rápido, ter hospitais equipados, para garantir a pronta recuperação do maior número de pacientes possível e, assim, evitar o colapso do sistema. Com o distanciamento do tempo, é possível dizer, sem menosprezar as 700 mil mortes no país durante a pandemia, que o sistema de saúde, no geral, conseguiu resistir.
A Covid-19, em 2023, está em uma situação controlada. As vacinas fizeram e continuam fazendo o seu trabalho.
E é importante que o esperado efeito colateral das compras emergenciais seja combatido, agora que o pior já passou. Em Linhares, uma operação da Polícia Federal, em ação conjunta com a Controladoria-Geral da União (CGU), investiga compra superfaturada de testes rápidos e fraudes na distribuição de recursos federais na área da saúde entre 2020 e 2022.
Quem se aproveitou da maior crise sanitária dos últimos cem anos para organizar esquemas de compras superfaturadas e colocar dinheiro indevido no bolso deve ser investigado e, caso se comprove o crime, punido com rigor. A corrupção é maligna em tempos de tranquilidade; em meio ao caos e ao medo, como durante a pandemia, ela é uma aberração ainda maior: é desumana.
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