O confronto de ideias é princípio básico da democracia. Quando não há pluralidade de vozes, resta apenas o autoritarismo. É saudável para a sociedade que uma eleição seja barulhenta, com espaço para opiniões divergentes. O silêncio, quando predomina, pode ser menos incômodo aos ouvidos, mas é muito mais perigoso.
É bem verdade que o Brasil e o Espírito Santo chegam às urnas neste 30 de outubro com um certo esgotamento, após atravessar a campanha eleitoral mais tumultuada desde a redemocratização. Foi barulhenta, sim, mas em muitos aspectos quase ensurdecedora, extrapolando os limites de um debate sadio e pautado por fatos. O saldo foi uma campanha carente de propostas e rica em desinformação.
A eleição de hoje não vai acabar com a polarização. Nem os mais ingênuos se apegam a isso, a esta altura. Mas ela deve ser encarada como o início de um processo de reconstrução do diálogo, após o esgarçamento social dos últimos anos. Dependemos disso não só para manutenção da saúde democrática, mas até mesmo para o país conseguir sair do lugar. Para frente, de preferência.
Qualquer um dos candidatos que se sagre vencedor nas urnas, tanto no nível federal quanto estadual, deve estar comprometido em promover um governo para todos, que busque consensos. A briga pela briga, sem um debate com proposições exequíveis para o país, só servirá para atrasar o que já está cronicamente atrasado: uma nação agregadora e com oportunidades para todos. O Brasil como o país do futuro que nunca chega.
As reformas estruturantes são urgentes, para promover o crescimento econômico com vigor e sustentabilidade. Só assim, o país será capaz de reduzir a pobreza e a miséria e garantir prosperidade a todos que confiam nos resultados do próprio trabalho. Sem conversa, sem debate, nada disso será possível. O Congresso também precisa estar disposto a construir as bases de um Estado que abandone os privilégios. Com um Judiciário atento e centrado, que aplique a lei com a devida racionalidade.
Há tanto a ser feito. E não dá mais para esperar.
Esta eleição tem uma importância que não se encerra quando os eleitos forem anunciados, ao fim do dia. Ela é o pontapé inicial do jogo democrático que vai valer pelos próximos quatro anos. O que não falta é trabalho.
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