Em dez dias, no Brasil, não se consegue nem alvará, quem dirá  hospital

O colunista de A Gazeta Danilo Carneiro fez uma pertinente comparação entre a eficiência da China, que vai construir um hospital em caráter de urgência para tratar vítimas do coronavírus, e a letargia das obras públicas no Brasil

Publicado em 31/01/2020 às 04h00
Atualizado em 31/01/2020 às 04h01
Canteiro de obras que está sendo construído na China. Crédito: Divulgação
Canteiro de obras que está sendo construído na China. Crédito: Divulgação

Em sua coluna da quinta-feira (30) em A Gazeta, o advogado Danilo Carneiro, com um olhar espirituoso, comparou a eficácia chinesa, estampada nas fotos das notícias de que um hospital no país levará dez dias para ser erguido nos esforços de combate ao novo coronavírus, com a letargia das obras públicas no Brasil. O título não poderia ser melhor: “Hospital construído em dez dias deveria curar nosso coronavírus da ineficiência”.

O paralelo é apropriado. Mesmo que exista desconfiança na comunidade internacional a respeito da qualidade das informações oficiais sobre a doença em território chinês - uma das características do regime comunista ainda impregnada na estrutura política fechada do país - não há como negar que a China se tornou uma verdadeira máquina de eficiência em projetos de infraestrutura.

A construção de um hospital em dez dias (ou mesmo em dez semanas, como citou Danilo em seu artigo, ou até dez meses) pode surpreender os brasileiros, acostumados a demoras mais longas em obras mais simples, mas é resultado de um projeto de país que aposta nos grandes empreendimentos para crescer. E, principalmente, está preparado para situações emergenciais como uma epidemia em escala mundial.

E, no seu texto, Danilo toca em uma questão que está impregnada no imaginário nacional e reforça equívocos: a de que a corrupção é o maior problema. Nesse quesito, a China não se distingue tanto assim do Brasil, como mostram rankings internacionais.

É o nosso déficit de eficiência que perpetua o atraso, desde legislações arcaicas que eternizam a burocracia até a educação precária, incapaz de promover a produtividade plena e o desenvolvimento tecnológico. Falta sofisticação na engenharia dos projetos, falta até mesmo ambição. E, obviamente, nesse ambiente propício ao descaso, a corrupção se refestela na lama.

Em dez dias, no Brasil, não se consegue nem sequer um alvará. Por aí já se vê que a distância entre o Brasil e a China é muito maior do que a geográfica.

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