As energias renováveis movem a agenda econômica e ambiental no século XXI, e não é por menos. A compreensão pacificada de que somente a sustentabilidade energética vai garantir o desenvolvimento a longo prazo é o motor da mudança, não só pelo esgotamento dos combustíveis fósseis, mas sobretudo pelo seu impacto ambiental cientificamente constatado.
Os efeitos da guerra na Ucrânia no mercado de petróleo e gás têm sido mais um alerta para a necessidade de novas matrizes energéticas. A Europa já se movimenta nesse sentido.
No Espírito Santo, o cenário é este: é o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto de gás, no país. Mas há uma tendência de queda preocupante: no primeiro trimestre de 2022 houve um recuo de 10,8% nas atividades de extração de petróleo e gás no Estado, na comparação interanual. Há no horizonte investimentos previstos, como o projeto Integrado Parque das Baleias (IPB), confirmado para 2024. Outros sete negócios de petróleo devem movimentar R$ 8,1 bilhões no Espírito Santo até 2025.
Sem desconsiderar o setor de petróleo e gás, que nas últimas década foi um dos principais motores da economia capixaba, o Espírito Santo não pode perder as oportunidades de diversificação que estão sendo colocadas. A divulgação de que o potencial eólico capixaba é muito maior do que se imaginava, com a divulgação do Atlas Eólico Onshore (em terra) e Offshore (no mar) do Espírito Santo, abre um novo flanco econômico, que não pode ser desperdiçado. Reúne, de uma tacada só, duas demandas atuais: energia e sustentabilidade. Dados do Global Wind Energy Council (GWEC) mostram que o Brasil foi o terceiro país em que mais se instalaram usinas eólicas no mundo.
As grandes empresas estão de olho em energia limpa: até o final de 2023, a EDP pretende investir R$ 200 milhões em geração de energia solar no Espírito Santo. O objetivo da empresa é alcançar 1 gigawatt (GW) de exposição à energia solar até 2025. Neste mês de agosto, o Brasil atingiu a marca de 17 GW de potência instalada de energia solar, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar). Atualmente, corresponde a 8,4% da matriz elétrica brasileiro, ficando atrás apenas das usinas hidrelétricas e eólicas.
No dia 17 de agosto, a Comissão de Infraestrutura do Senado aprovou um projeto de lei que cria um marco regulatório para a geração de energia elétrica offshore - a geração de energia eólica, solar e das marés fora da costa brasileira, encaminhada para a Câmara dos Deputados. Segurança jurídica é um passo essencial na atração de investimentos, e o Espírito Santo precisa estar atento ao tema e o seu potencial econômico.
economia/o-que-e-hidrogenio-verde-es-pode-produzir-combustivel-do-futuro-0822" class="link" target="_blank">O hidrogênio verde, produzido também pela eletrólise da água, usando energia eólica ou solar, é considerado o combustível do futuro. Pode ser usado na indústria, no abastecimento de carros, caminhões, navios e aeronaves. No setor do agronegócio, é matéria-prima para produzir fertilizantes. É esse tesouro que pode colocar o Espírito Santo na vanguarda da energia limpa, se o poder público, o empresariado e o setor de inovação tiverem o faro certo. Não é à toa que a Alemanha e a União Europeia, que financiaram o Atlas Eólico, estão de olho. Bons ventos sopram para o Estado.
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