No país com um dos programas de imunização mais aclamados do mundo por seu alcance e sua eficiência, as crianças sempre estiveram intimamente ligadas a esse sucesso. A geração que viu a estreia do Zé Gotinha nos anos 80 e recebeu a vacina contra a poliomielite incentivada por essa campanha massiva tem hoje por volta dos 40 anos. É justamente a geração que precisa se comprometer com a vacinação dos filhos neste momento crucial da crise sanitária do coronavírus.
No Espírito Santo, é lento o ritmo da vacinação da faixa dos 5 aos 11 anos. Desde o início da campanha, em 15 de janeiro, até a última segunda-feira (7), 81.859 crianças receberam a primeira dose do imunizante, o equivalente a 20% desse público no Estado. Se nos primeiros dias o avanço dependia também da disponibilidade da Pfizer pediátrica, o recebimento das vacinas foi regularizado posteriormente e incrementado com a Coronavac. Ambas as vacinas são seguras e aprovadas pela Anvisa para uso nessa faixa etária.
As autoridades de saúde estaduais garantem que há capacidade de, com a ampla oferta, atingir a meta de 7 mil imunizações pediátricas por dia, mas os números mostram que a média diária tem sido de 5 mil. O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, está orientando as prefeituras para que usem as escolas no avanço da imunização infantil. É uma estratégia que pode funcionar.
É triste ver que a desinformação está tendo tamanho impacto nesta fase da vacinação. Certamente há também pais vacinados que não acreditam no risco da Covid entre as crianças, mas a Ômicron tem provocado um aumento de casos mais graves, o que pode ser evitado com a vacina. Uma médica intensivista na semana passada fez um vídeo alertando sobre casos graves em crianças no Estado.
E há também relatos de pais que afirmam estar esperando para vacinar seus filhos só após haver um número considerável de crianças vacinadas. Mas é preciso repetir: as vacinas são seguras, testadas e analisadas por especialistas.
Essa hesitação com as vacinas não nasceu na pandemia, a própria OMS alertava sobre o problema em 2019, mas ganhou uma proporção ainda mais perigosa com ela. A ciência tem sido colocada em xeque por teorias conspiratórias no momento em que ela é ainda mais relevante, ao se atravessar uma pandemia que não para de tirar vidas. E no Brasil há um agravante: o negacionismo na vacinação infantil chegou a ser chancelado pelo próprio presidente da República e por seu ministro da Saúde. Uma população sem um guia que a incentive a se proteger acaba ficando desamparada.
Vacine seu filho, sem medo. As crianças também merecem estar protegidas contra essa doença. E não é justo que paguem o preço de uma politização sem propósito, quando a sociedade deveria abraçar essa dádiva que é ter a chance de se blindar contra uma doença que já matou gente demais. O Zé Gotinha ensinou pais e filhos nas últimas quatro décadas a se engajarem nesse compromisso com a saúde pública e com a vida. Não é possível que tenham desaprendido.
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