No futebol, há um lance que faz parte do sonho de qualquer jogador: ficar livre em campo, receber um passe e só precisar empurrar a bola para o fundo do gol, saindo depois para a comemoração. Mas, para isso acontecer, é preciso acompanhar a jogada de perto, saber se posicionar e não desperdiçar a chance assim que surgir. Na agenda econômica e ambiental, a “bola da vez” dos investimentos em energia limpa – aquela que não emite poluentes e gera menor impacto ao meio ambiente – está quicando na área, esperando para ser chutada. Bem posicionado, cabe ao Espírito Santo não deixar passar as boas oportunidades que estão surgindo e movimentar recursos para projetos de descarbonização e geração de energia eólica, solar, entre outras.
Em seu Plano de Negócios 2025-2029, conforme destacado por Abdo Filho, a Petrobras entra na pauta da transição energética e prevê, a partir de 2027, fazer investimentos em projetos de captura de carbono, por meio de uma técnica que levará os gases das chaminés das indústrias diretamente, via gasodutos, para reservatórios adequados. E o Estado é um dos locais que deve ser pioneiro nessa proposta, com a possível remodelação da Unidade de Tratamento de Gás Sul Capixaba (UTG Sul), em Anchieta, no Litoral Sul. A ES Gás e petroleiras independentes também têm interesse em ação semelhante, no Norte capixaba.
A Petrobras ainda estima que a produção de combustíveis renováveis saltará dos atuais 16% para 39% até 2050, enquanto o petróleo cairá de 29% para 20% nesse mesmo período. Aumentarão, assim, os investimentos em energia eólica, solar e hidrogênio verde. Essa transformação reflete o compromisso assumido pelo Brasil, na declaração final da Cúpula de Líderes do G20, realizada este mês no Rio de Janeiro (RJ), de fazer esforços para triplicar a capacidade de energia renovável até 2030.
Oportunidades para entrar nesse jogo não faltam para empresas e indústrias de energia. Como o investimento de R$ 500 milhões anunciado pelo governo do Espírito Santo para financiar projetos de transição energética e descarbonização. Esse montante ainda pode chegar a R$ 1 bilhão, com recursos provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro estadual vem do Fundo Soberano, que utiliza recursos dos royalties de petróleo para financiar companhias com boas práticas em governança socioambiental. Mas, como salientou Abdo Filho, é preciso que esse montante seja bem direcionado, para não ficar perdido em iniciativas que não sejam estruturantes.
O Espírito Santo é o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto de gás no país. Não se pode desprezar a força dessas matrizes energéticas no cenário econômico capixaba. Investimentos persistem nesse setor, como o navio-plataforma Maria Quitéria, que recentemente entrou em operação no Litoral Sul capixaba. Porém, como já foi destacado há dois anos neste mesmo espaço, o Estado tem a chance de se colocar na vanguarda da energia limpa, que já movimenta bilhões mundo afora, além de gerar milhares de empregos.
Em 2023, de acordo com relatório da BloombergNEF, o Brasil recebeu mais de US$ 25 bilhões em recursos para a transição energética – foi o terceiro país que mais angariou investimentos. E, conforme o mesmo documento, tem potencial de atrair até R$ 1,3 trilhão para investir no fornecimento de energia com baixa emissão de carbono nos próximos 25 anos.
Com grande potencial para a geração de energia eólica e solar e também infraestrutura emergente para produzir biomassa e hidrogênio verde, além de investimentos bilionários à vista, o setor produtivo do Espírito Santo tem um campo aberto de possibilidades pela frente na transição energética. É hora de sair na frente em busca dessa vitória econômica e ambiental.
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