Com mais da metade da população vacinada com ao menos uma dose das vacinas disponíveis, marca alcançada no último sábado (24) no Espírito Santo, a redução de restrições se justifica com o avanço da cobertura vacinal. As mais de 2 milhões de pessoas nesse grupo no Estado incluem também quem recebeu a dose única da Janssen, mas o impacto somente da primeira dose na proteção da população é sentido na queda paulatina no número de óbitos e internações, assim como na redução do contágio.
O reflexo no Mapa de Risco, com 72 cidades em risco baixo e 6 no moderado, permite que determinadas atividades sociais, sempre acompanhadas dos protocolos de proteção, estejam liberadas. O setor de eventos, um dos mais prejudicados na pandemia, já possui permissão para realizar reuniões com até 600 pessoas a partir de agosto. O comércio já faz algum tempo que está livre de restrições de horários, bem como bares e restaurantes. E um passo importante está sendo dado neste segundo semestre, com o retorno obrigatório das aulas presenciais nas redes estadual e municipais.
Nada disso seria possível sem a vacina. Já é possível detectar a queda de internações e mortes na população idosa, a primeira a ser imunizada, ainda no início do primeiro semestre. Justamente o público expressivamente mais atingido pelas formas mais graves da doença em 2020. E, no decorrer da vacinação por faixas etárias, a primeira dose tem permitido criar uma rede social de proteção que tem freado o contágio, mesmo que ainda careça do reforço para a imunização ser completa.
No encaminhamento da aplicação da segunda dose, o Ministério da Saúde está propondo que haja uma redução no intervalo da Pfizer, atualmente em cerca de 90 dias, para os 21 dias indicados na bula. Uma questão diretamente ligada à disponibilidade de vacinas, e por isso mesmo cercada de risco.
Desde o início da vacinação, as previsões de recebimento mensal de vacinas pelo governo federal têm sido reajustadas para baixo com uma certa frequência, e por isso qualquer decisão sobre diminuição do intervalo deve ser muito bem embasada. E também é necessário acompanhar os estudos mais recentes e confiáveis sobre a eficácia, lembrando que já há uma discussão internacional sobre a necessidade ou não de uma terceira dose.
Vale sempre reforçar que todas as vacinas disponíveis no Plano Nacional de Imunização (PNI) são confiáveis, com testes minuciosos de eficácia, mas como esses imunizantes são resultado de um esforço científico sem precedentes, e ainda há surgimento de variantes do vírus, estudos continuam sendo feitos para verificar a necessidade de adequações e os efeitos da aplicação no mundo real. A vacinação contra a Covid-19, em todo o planeta, é um evento inédito como resultado de uma mobilização da comunidade científica e de laboratórios.
O êxito no Espírito Santo, até o momento, reforça a expertise do sistema de saúde em implementar e colocar na rua programas de vacinação em massa. Há um histórico por trás, uma marca brasileira que é referência internacional, em um Estado que foi pioneiro na compra de insumos e na organização do esquema de vacinação na pandemia. Nem mesmo as dificuldades encontradas no caminho foram capazes de negar esse legado, em um trabalho que não pode cessar. E as vacinas não podem parar de chegar.
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