A transferência de 15 pacientes de Santa Catarina para o Espírito Santo é o terceiro ato de solidariedade federativa que os capixabas testemunham desde janeiro. O Estado já havia recebido 36 pessoas do Amazonas e outras 30 de Rondônia, sendo que já houve a desocupação de mais da metade desses leitos.
Houve perdas e houve cura, como é característico desta doença que ainda está sendo desbravada, a Covid-19. Mas não houve omissão, e essa tem sido a marca do enfrentamento da pandemia no Espírito Santo. Um alento não só para quem habita este Estado, como para aqueles que têm encontrado aqui a chance de sobrevivência.
Mesmo diante do recrudescimento da pandemia no país, a própria experiência recente de acolhimento desses pacientes no sistema estadual mostra que os riscos à saúde pública são muito menores do que os benefícios humanitários. O Espírito Santo colhe os frutos da boa gestão na pandemia da melhor forma possível, com capacidade de gerenciar esforços para salvar vidas de brasileiros em desamparo.
A decisão de receber quem é vítima do colapso do sistema de saúde onde vive é responsável. O Espírito Santo, no cenário pandêmico atual, é realista: há a expectativa de uma terceira onda, já mapeada pelo próprio secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, mas o momento é de encarar as urgências.
Pelo menos 17 entes federativos passam por dificuldades extremas, com falta de leitos de UTI para a sua própria população. Enquanto, no Espírito Santo, o índice de ocupação circunda os 75%. Não é uma situação confortável, mas permite que se estenda a mão durante o agravamento nacional da crise sanitária.
Mesmo que a falta de uma coordenação nacional torne o trabalho dos governos estaduais exaustivo, como desabafou o governador Renato Casagrande na segunda-feira (1º), o Estado, há quase um ano, tem adotado estratégias de enfrentamento da pandemia equilibradas.
O corpo técnico da Saúde no Espírito Santo monitora cenários e se antecipa aos riscos, fazendo o devido gerenciamento dos recursos humanos e da infraestrutura hospitalar. É essa racionalidade na gestão e a própria expertise adquirida que, hoje, permitem que o Espírito Santo abra as portas para os pacientes de fora.
E é importante ressaltar que o governador também acaba de anunciar a abertura de mais 158 novas vagas para Covid-19 até abril, ampliando a margem de manobra dos leitos disponíveis. Nesta pandemia, as perspectivas se norteiam por estatísticas e desenhos de cenários baseados no comportamento social. Ao mesmo tempo que se prevê uma terceira onda, trabalha-se também com a expectativa da efetividade das vacinas aplicadas na população idosa nesta primeira etapa, o que tem potencial de reduzir o impacto sobre o sistema de saúde. Contudo, não há escapatória: distanciamento social e uso de máscaras continuam sendo mandatórios. Comportamentos preventivos permanecem na ordem do dia.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou a situação dos pacientes que vieram receber tratamento no Espírito Santo. Do Amazonas, um permanece na UTI e outro na enfermaria do Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, enquanto 26 receberam alta e oito faleceram. De Rondônia, 14 estão na UTI, sete em enfermaria, seis já foram liberados e seis morreram.
As perdas são lamentáveis, como a de cada um dos mais de 250 mil brasileiros mortos nesta pandemia. Mas cada alta registrada mostra a força dessa cooperação. É a certeza de que o governo estadual acerta ao receber os forasteiros, brasileiros como todos os capixabas. E a demonstração, nas atitudes e não no discurso vazio, de como funciona uma verdadeira nação.
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