Mentiras e mais mentiras para todo o lado, enquanto o Rio Grande do Sul atravessa uma catástrofe ambiental sem precedentes.
Não bastasse toda a mobilização para resgatar quem está isolado e reduzir os danos de uma situação fora de controle, ainda é preciso formar trincheiras contra a desinformação, essa chaga social que, em situações como a do Rio Grande do Sul, pode determinar quem sobrevive e quem morre. Informação verdadeira salva vidas.
É oportunismo, tão antigo quanto a própria humanidade. Boatos sem fundamento sempre existiram. Mas a tragédia contemporânea se retroalimenta da voracidade do engajamento das redes, onde as fake news são instrumentos usados por quem quer se beneficiar do caos. As mentiras se tornam verdades, muitas vezes, quando confirmam as próprias crenças de quem as recebe e as passa para frente. É uma contaminação.
O jornalismo profissional está sempre na linha de frente com as checagens e os desmentidos. Foi assim na pandemia e continuará sendo sempre que necessário. É importante que a alfabetização midiática não dê trégua, para que em situações extraordinárias como a atual esse aprendizado se torne um escudo para tudo o que é falso.
A repressão aos grupos que, como quadrilhas da desinformação, se organizam para semear o caos é importante. Os conteúdos falsos em torno da tragédia no Rio Grande do Sul vão ser investigados pela Polícia Federal, enquanto a ministra Cármen Lúcia do STF é relatora do inquérito. Institucionalmente, uma demonstração de que não haverá impunidade para a desinformação.
Essa é a superfície do problema. Mais profundamente, o que precisa ser colocado em prática, para atacar a infraestrutura, é a regulação das redes. Hoje os mundo está nas mãos das big techs, que se beneficiam do engajamento desenfreado, sem qualquer compromisso com a verdade. Quanto mais gente conectada e teleguiada por algoritmos, repassando esses conteúdos, mais dinheiro para sustentar esses impérios mundiais da tecnologia.
A tramitação do PL das Fake News mostra, assim, a sua urgência. Afinal, está cada vez mais difícil conviver com tanta desinformação. A União Europeia já aprovou um projeto de regulação em 2022. Outros países seguem esse caminho, para que as plataformas digitais se responsabilizem pelos conteúdos nocivos e criminosos. É poder demais nas mãos de tão poucas empresas.
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