
Demorou. Foi em setembro do ano passado que a Corregedoria da Polícia Militar decidiu pela demissão do soldado Lucas Torrezani de Oliveira. Isso mais de um ano após o militar ser preso por atirar e matar o músico Guilherme Rocha, de 37 anos, dentro do condomínio em que moravam em Jardim Camburi, Vitória, em abril de 2023. Mas a expulsão ainda dependia de homologação pela corporação para que ele fosse efetivamente desligado.
A data em que essa homologação se deu não foi divulgada pela PM, mas a confirmação da demissão foi possível nesta semana com a transferência do agora ex-soldado do Quartel de Maruípe, onde estava preso, para uma unidade prisional comum: a Penitenciária de Segurança Média 1, em Viana.
Demorou, principalmente diante das circunstâncias do crime, que foi registrado pelo videomonitoramento do condomínio. As câmeras flagraram o desentendimento entre os vizinhos, o ex-soldado sacando a arma, o amigo dele empurrando a vítima, o tiro e a queda no chão, enquanto o militar observava o corpo levando um copo à boca.
Demorou, porque o processo de expulsão da corporação levou mais de um ano para chegar à decisão pela demissão. Nesse período, em junho de 2023, a Justiça já havia inclusive aceitado a denúncia contra o então soldado. Além dele, o amigo presente na cena do crime também virou réu. Ainda não há previsão da realização do julgamento.
Demorou, mas chegou. A defesa ainda pode recorrer, mas pedir que decisões em casos como esse sejam mais céleres não é passar por cima do devido processo legal. O direito à ampla defesa é incontestável em qualquer circunstância, mesmo as mais flagrantes. Mas as instituições precisam, ao mesmo tempo, dar respostas mais ágeis à sociedade por serem exemplo para ela. É dessa forma que a Polícia Militar sinaliza que nos seus quadros não há espaço para quem comete um crime tão bárbaro.
Vale sempre lembrar a declaração do pai da vítima, à época do crime: "Aqueles que têm o dever de nos dar segurança é que estão nos matando, logicamente com muitas exceções, mas têm ainda os policiais que estão malpreparados". A expulsão serve de exemplo, moraliza, e mostra que a PM não tolera comportamentos criminosos daqueles que deveriam estar sempre a postos em defesa da lei e da ordem. É esse o recado.
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