A falha na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é gravíssima principalmente por ter sido detectada pelos próprios estudantes. Sem essa percepção, injustiças teriam sido cometidas. A lisura e a credibilidade da prova que é crucial para o ingresso nas principais universidades do país, contudo, saem bastante arranhadas do episódio de qualquer forma.
Não tem sido uma gestão de glórias para a Educação, longe disso. Na sexta-feira (17), dia da divulgação das notas, o ministro Abraham Weintraub, que já deu boas demonstrações de soberba desde que chegou ao cargo após Ricardo Vélez Rodríguez não ter se sustentado na função, afirmou ter comandado “o melhor Enem de todos” pouco antes de os erros virem à tona.
O fato é que a confusão só veio coroar a inabilidade da pasta durante o governo Bolsonaro. Em um ano, bobagens como a cruzada ideológica e demagógica dos dois titulares foram priorizadas, enquanto a Educação continua sendo um dos desafios mais importantes para a democratização das oportunidades no país.
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É hora dos resultados começarem a aparecer, nem que seja pelo estabelecimento de uma agenda conectada com a realidade, como o futuro do Fundeb. A educação básica é o alicerce de qualquer transformação que se almeje para a sociedade. O descuido com o Enem se insere nessa falta de direcionamento quase estrutural do MEC. Tudo gira em torno da qualidade da gestão.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciou que foram 5.974 candidatos prejudicados pela falha no processo de impressão das provas e dos cartões-resposta. Especialistas concordam que, estatisticamente, o erro que afetou 0,15% dos 3,9 milhões de estudantes que prestaram o exame em novembro passado não é significativo, mas mancha a imagem do Inep e do próprio exame. E traz um gargalo para os prejudicados no Sisu, mesmo que o prazo de inscrição tenha sido ampliado.
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Vale lembrar, por justiça, que não é a primeira vez que o Enem sofre com mau gerenciamento. Em 2009, as provas foram furtadas na gráfica, durante a gestão de Fernando Haddad. O vazamento forçou o adiamento da aplicação da prova. No ano seguinte, uma falha de impressão fez com que alunos recebessem provas com falta ou repetição de questões. 2019 esteve longe de ser o melhor Enem de todos, mas não foi uma novidade entre os piores.
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