De 2015 a 2017, a crise hídrica no Espírito Santo demandou medidas duras, como a proibição da irrigação nas plantações durante o dia em municípios com situação crítica, com impactos econômicos no setor agrícola. Indústrias também se comprometeram com a redução do consumo. A população precisou se engajar em uma cultura de racionamento.
O governo estadual deu então início a um programa de construção de barragens de uso múltiplo. O sistema de abastecimento Reis Magos, na Serra, também foi inaugurado em 2017 nesse contexto, reduzindo a sobrecarga sobre o Sistema Santa Maria da Vitória. E em 2018 foi anunciada a construção da barragem do Rio Jucu entre Domingos Martins e Viana, com capacidade para armazenar 23 bilhões de litros de água: acumulando o recurso no período úmido para uso no período seco, como ensina a formiguinha na fábula. A importante obra, que caminha a passos lentos, está contemplada no PAC. Sua urgência é incontestável.
Neste mês de novembro atípico, sem chuvas, no qual o Espírito Santo é um dos estados afetados pela onda de calor, acende-se o alerta para uma nova crise de abastecimento de água. Na Região Metropolitana, os rios Jucu e Santa Maria se aproximam do índice considerado crítico, como noticiou Leonel Ximenes em sua coluna.
A Cesan também informou que os rios nos quais a empresa faz captação para abastecer a população tiveram o nível de água reduzido com a estiagem recente e alertou que a situação afeta os 53 municípios atendidos pela empresa. Em Pinheiros, no Norte do Estado, o abastecimento de água está comprometido no distrito de São João Sobrado há 15 dias, sendo necessária a utilização de caminhões-pipa. Bairros de Marataízes, no Litoral Sul, também sofrem com falta d'água desde a semana passada.
Como dito antes, é ainda somente um alerta, o que já exige do poder público a preparação de ações contingenciais. Nenhum governo tem a capacidade de controlar quando faz chuva ou sol, mas a experiência em cenários críticos anteriores deve ensinar o que precisa ser feito para evitar ou enfrentar futuras crises de abastecimento. Sem cruzar os braços.
Os períodos de seca, assim como os de chuva, são cíclicos e imprevisíveis, mas serão cada vez mais comuns com as mudanças climáticas. O governador Renato Casagrande preside o Consórcio Brasil Verde, criado em 2021 para desenvolver ações coordenadas entre os entes federativos, obtendo recursos financeiros externos e buscando boas práticas, para mitigar os efeitos climáticos no país.
Investimentos são necessários não somente em grandes obras, mas também projetos menos grandiosos de captação de água da chuva, bem como projetos de reúso industrial da água e de conservação e recuperação das matas ciliares, responsáveis pela saúde dos rios.
Em meio aos alertas de mudanças globais no clima, é preciso se preparar para o que vem pela frente, com planejamento que integre as esferas municipal, estadual e federal. Já temos bagagem suficiente para aprender a lidar com eventos climáticos extremos e reduzir os danos. É um caminho sem volta.
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