Falta de educação custa caro para todo mundo

Somos um país que depende de uma mudança brusca de mentalidade para deixar para trás, definitivamente, o bom e velho "jeitinho brasileiro", no qual a esperteza se sobrepõe aos interesses da coletividade

Publicado em 15/10/2024 às 01h00
Escola
Sala de aula. Crédito: Divulgação

Em uma reunião de editores da Rede Gazeta, surgiu alguma dúvida sobre a circulação de motonetas elétricas na ciclovia da Terceira Ponte, o que é proibido. Quando alguém complementou que a proibição não é só lá: esses ciclomotores tampouco têm permissão para trafegar nas ciclovias comuns localizadas na Grande Vitória. "A diferença é que na Terceira Ponte há fiscalização na entrada", outro adicionou.

Sim, a presença de um agente do Estado ou de alguém designado por ele é o que faz a diferença para que se faça cumprir qualquer regra neste país. E não é só no caso desses veículos, flagrados com frequência pelas demais ciclovias (espaços que têm sido ocupados até mesmo por motociclistas, não é difícil avistar algum). É no trânsito cada vez mais caótico, é na forma como se lida com o lixo, acumulado em terrenos baldios, é na conduta nem sempre honesta nas relações cotidianas: quando ninguém está olhando, quase tudo é permitido.

O comportamento condicionado à punição é objeto de estudo da psicologia e das ciências sociais há muito tempo, e não há pretensão alguma aqui de se fazer o mesmo. Mas é essa a lógica que persiste: para fazer qualquer lei pegar, é preciso que haja fiscalização efetiva, o poder público precisa ficar em cima. De preferência, multando quem infringe a lei.

E por mais que tanta gente acuse o Estado de ser o gerente da indústria da multa, manter essa estrutura fiscalizatória demanda recursos públicos. Sendo assim, a falta de educação das pessoas custa caro. Para todos e todas, inclusive quem anda na linha. E, mesmo com os avanços tecnológicos, com cada vez mais câmeras espalhadas pelos espaços públicos, ainda segue sendo impossível estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

Não dá para se resignar com a falta de educação, que na maioria dos casos é a origem desses males da convivência social. Não são só as carências da educação formal, com deficiências que ainda mantêm o país no atraso da falta de oportunidades e da baixa produtividade, mas também a educação em um espectro global, no trato entre as pessoas. Uma crise ética que não nasceu hoje, mas tampouco está perto de morrer.

Não é justo jogar as responsabilidades em cima dos professores, merecidamente celebrados neste dia 15 de outubro. Eles cumprem o papel educativo para a vida, mas sozinhos, sem um pacto com as famílias e a própria sociedade, não conseguem transformar essa realidade. Algo mais organizado precisa ser feito, com seriedade e comprometimento: as soluções para os problemas coletivos também são coletivas.

Somos um país que depende de uma mudança brusca de mentalidade para deixar para trás, definitivamente, o bom e velho "jeitinho brasileiro", no qual a esperteza se sobrepõe aos interesses da coletividade. As leis existem para permitir a boa convivência, diante de tantos interesses dispersos. É tão difícil entender isso? Sem educação, é praticamente impossível.

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