Se o Natal é o momento do ano em que, via de regra, as pessoas buscam se reunir para celebrações com seus familiares e amigos, o último feriadão foi marcado por despedidas forçadas. Em pelo menos seis acidentes graves registrados entre a noite de quinta-feira (21) e a de segunda-feira (25), dez pessoas perderam a vida no trânsito no Espírito Santo.
Já quando as estatísticas são relacionadas às rodovias federais que cortam o Estado, a Operação Natal 2023, realizada pela Polícia Rodoviária Federal, mostra um aumento expressivo dos óbitos nos quatro dias: foram sete registros neste ano, entre 22 e 25 de dezembro, enquanto em 2022 houve uma morte. Entre os feridos, os números também impressionam: 42 em 2023, três em 2022.
Só há o que se lamentar, afinal a brutalidade em ruas, avenidas e rodovias segue fazendo vítimas sem trégua. Em agosto passado, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou um levantamento que mostrou um aumento de 13,5% nas mortes no trânsito no país, entre 2010 e 2019, na comparação com o mesmo período da década anterior.
Um cenário que mostra o fracasso do Brasil na redução em 50% da mortalidade no trânsito até 2020, uma campanha lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2010.
No feriadão, a BR 101 foi o principal cenário dos acidentes, com colisões frontais, perda de controle de veículo e atropelamento. Na BR 262, um motociclista morreu em uma colisão com uma carreta. Duas rodovias que ainda esperam para ser modernizadas e ampliadas, duas das principais demandas de infraestrutura no Estado, que seguem a passos lentos.
No Espírito Santo, gradativamente se testemunha a redução no número de homicídios, mas a violência no trânsito parece não mobilizar a sociedade com a mesma intensidade. São mortes que não podem ser banalizadas. A redução dessa carnificina é uma meta urgente de civilidade, que depende não somente da modernização das rodovias para garantir mais segurança aos usuários, mas do próprio comportamento dos motoristas. A imprudência sempre faz vítimas, próximas ou distantes.
No feriadão de Ano-Novo, a cautela e o bom senso ao volante — somados a uma fiscalização atuante — podem evitar a repetição dessas tragédias.
Correção
27 de dezembro de 2023 às 10:36
Versão anterior deste editorial trazia a informação, passada pela Polícia Rodoviária Federal, de que a Operação Natal havia contabilizado nove mortes nas rodovias federais do Estado. O órgão corrigiu a informação que havia passado: "Na verdade o número correto, compreendendo o período de 22/12 à 25/12, é de 07 (sete) óbitos. Os outros 02 (dois) óbitos que ocorreram foram no 21/12, data em que a operação ainda não havia iniciado e que por um erro na contagem havia sido contabilizado inicialmente como se tivessem ocorrido dia 22/12".
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