O Estado brasileiro não se cansa de agir como um perdulário inconsequente, que insiste em gastos completamente anacrônicos como o revelado pelo repórter Vinícius Valfré, do Estadão. É inadmissível que, em pleno 2020, 194 filhas solteiras de ex-parlamentares ainda sejam sustentadas por dinheiro público. Mesmo que o benefício tenha sido extinto em 1990, o custo desse privilégio ainda é pago pelo contribuinte, chegando a R$ 30 milhões por ano.
No Espírito Santo, uma mulher de 79 anos recebeu R$ 53,4 mil de pensão em novembro por ser filha solteira; já em dezembro, o valor teve uma queda: R$ 27,3 mil. São os maiores valores pagos a pensionistas da União no Espírito Santo, segundo levantamento da repórter Letícia Gonçalves, de A Gazeta.
São verdadeiras princesas da República, parafraseando o senador Gerson Camata, morto em 2018. Isso em um país que deixou de ser monárquico em 1889. Uma realeza que, diferentemente do príncipe Harry e de sua esposa Megan Markle, não tem a mínima intenção de se desvencilhar das regalias estatais, enquanto o país ainda pena para atingir um equilíbrio fiscal que traga mais justiça social, com gastos de fato vinculados ao interesse público.
No serviço público, familiares de funcionários que já tenham falecido também consomem os cofres públicos. Com a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de impor ao governo federal a divulgação da tabela com os nomes e valores recebidos por pensionistas em todo o país, sabe-se que, somente no Espírito Santo, sabe-se que 2.912 pensões foram pagas em dezembro passado, somando R$ 19,1 milhões. Uma das pensões, paga a uma viúva de um funcionário do Ministério da Economia, chegou à exorbitância de R$ 64 mil. Valor bem distante da média salarial do brasileiro. Para um país que ainda sofre com o desemprego, o ultraje é ainda maior.
Um benefício que também vale para as "filhas maiores solteiras sem cargo público permanente". Somente para essa categoria, foram 319 pensões, a um custo de R$ 1,5 milhão.
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O Brasil precisa deixar de ser o país dos escolhidos, para que as benesses sociais consigam atingir a todos, sem fazer distinções tão ultrapassadas, desconectadas da realidade. Há sempre grupos dispostos a ir para a briga pela manutenção de privilégios, chegou a hora do contra-ataque.
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