Acidentes envolvendo ônibus nas estradas sempre provocam comoção, sobretudo pelo potencial de fazer um número elevado de vítimas entre os seus ocupantes. Na madrugada do último sábado (7), um ônibus da Viação Gontijo com 47 passageiros se envolveu em um grave acidente com um Ford Fiesta na BR 262, em Ibatiba. Foram cinco mortes: três pessoas que estavam no coletivo e duas que estava no carro de passeio. O ônibus seguia de Guarapari para Belo Horizonte.
Reiteradamente, este jornal endossa a necessidade de duplicação da via federal, uma reivindicação de toda a sociedade civil para garantir mais segurança no tráfego de pessoas e de mercadorias. Lamentavelmente, o leilão antes previsto para 25 de fevereiro foi adiado para aprimoramento do edital, em uma novela que se arrasta desde o fiasco do certame de 2013.
Contudo, se a infraestrutura viária segue carente de uma modernização que será capaz de dar mais proteção a quem trafega pela BR 262, o fator imprudência também contribui para causar vítimas no trânsito. As investigações sobre o acidente ainda serão concluídas, mas a empresa afirmou que os dois veículos estavam na mesma pista quando o carro, ao ultrapassar o ônibus, bateu no ônibus, que tombou na pista.
As cinco mortes na BR 262 se somaram a pelo menos outras cinco no sábado (7) e no domingo (8) em todo o Estado, tornando violento o fim de semana no trânsito. O perfil das ocorrências mostra o envolvimento de veículos de todos os portes, mas as cinco vítimas dos demais acidentes registrados no Estado foram ciclistas e motociclistas. Ao lado dos pedestres, os elos mais frágeis da cadeia do trânsito.
Os números do primeiro trimestre deste ano do Observatório da Segurança Pública no Espírito Santo mostram que foram registradas, de janeiro a março, 74 mortes em acidentes com moto no Estado, uma redução de 14% em relação a 2021. Mas para os pedestres e os ciclistas os números foram piores. Os atropelamentos, no mesmo período, tiveram um aumento de 59,1% em 2022, com 35 vítimas neste ano. Entre os ciclistas, foram 15 mortes registradas nos três primeiros meses de 2022. Em 2021 foram quatro casos.
O poder público precisa estar atento: o aumento da circulação de motos e bicicletas com a crise econômica precisa estar acompanhado de mais segurança e fiscalização nas vias. Mas, além da infraestrutura de trânsito que garanta segurança tanto para quem usa motos, carros, ônibus e caminhões nas avenidas e estradas quanto para os ciclistas nas ciclovias, de nada adianta se o comportamento de quem guia seus veículos for displicente e irresponsável. O trânsito só vai deixar de ser tão disfuncional quando os seus protagonistas entenderem que o papel de ninguém nesse ecossistema é de coadjuvante: se todos adotarem posturas mais zelosas, é possível sim reduzir tanta violência.
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