Orlas urbanas sempre carecem de cuidados e infraestrutura adequada para se tornarem um atrativo turístico e, mais do que isso, para se integrarem à rotina de lazer dos próprios moradores. Não se pode minimizar o impacto econômico: bares e restaurantes com boa estrutura se firmam também como empreendimentos que geram empregos.
Há pouco mais de dez anos, a Praia de Camburi era um ambiente inóspito nesse sentido: a construção dos novos quiosques se arrastava por problemas contratuais e orçamentários. Foi em 2008 que os 30 quiosques construídos nos anos 80 entre a Ponte de Camburi e a Av. Adalberto Simão Nader foram demolidos para dar lugar às novas estruturas, que começaram a ser entregues em 2011. Cada quiosque, na época, custou mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Nos anos seguintes, muitos desses negócios não conseguiram prosperar.
Foi após a gestão das praias passar da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para a Prefeitura de Vitória em 2017 que se tornou legalmente possível a revisão da forma de cobrança dos quiosques. Em 2018, A Comissão de Licitação da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória (CDV) realizou um certame que escolheu a empresa responsável pela gestão dos 14 quiosques da Praia de Camburi. Em 2019, uma licitação definiu outra empresa para a gestão das estruturas na Curva da Jurema.
Como mostrou Abdo Filho em sua coluna, até agora, os investimentos nas duas frentes foram de R$ 15 milhões, com a abertura de 570 postos diretos de trabalho. "Em janeiro, auge do verão, o faturamento de toda essa rede vai superar, com facilidade, os R$ 15 milhões (número bastante conservador). Isso sem contar eventuais patrocínios e eventos", relatou o colunista.
Atualmente, em Camburi, há 11 quiosques em funcionamento e três em obras. Na Curva da Jurema, sete estão em operação e um está em obra. A estimativa é de que todos estejam prontos e abertos ao público no próximo verão. O que se viu na última estação de calor foi um bom fluxo de clientes em todos os quiosques, que atendem a diferentes padrões de consumo.
A gestão privada, que tornou esses negócios lucrativos, tem suas responsabilidades ambientais pela ocupação desses espaços à beira-mar. Não pode haver abusos, pois as praias permanecem sendo espaços públicos e compartilhados. E o poder público tampouco pode lavar as mãos, pois continua responsável pelo ordenamento e deve ser cobrado por isso.
É inegável que a gestão privada foi um importante passo para criar esse ecossistema de bares e restaurantes, com diferentes atrações. A orla de Camburi, por muito tempo, não oferecia quase nenhuma opção gastronômica: se nos anos 80 houve um fluxo de bares, restaurantes e pizzarias na Avenida Dante Michelini, na década seguinte os imóveis mudaram de perfil e se tornaram mais residenciais. Ainda chama a atenção o fato de haver quatro agências bancárias de frente para o mar.
Os quiosques bem estruturados que ocupam a praia cumprem esse papel que até pouco tempo tinha deixado de existir em Camburi: é possível não só comer bem em qualquer hora do dia e em qualquer estação do ano, como se divertir com atrações musicais. O mesmo acontece na Curva da Jurema. Quem visita ou mora em Vitória não pode mais reclamar de falta de opção.
LEIA MAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.