Não bastassem todos os desafios cotidianos, coletivos ou individuais, ainda é preciso reunir forças para não sucumbir às armadilhas cada vez mais bem elaboradas por criminosos, escondidas no ambiente virtual. Basta um vacilo para qualquer um se tornar a próxima vítima, diante da óbvia constatação de que estamos cada vez mais conectados e, consequentemente, mais vulneráveis a ações criminosas.
O golpe da chamada de vídeo, no qual oportunistas se aproveitam de um momento de distração da vítima que atende à ligação para tirar um print da tela em uma situação constrangedora, é só a artimanha do momento, que não demora a ser aprimorada ou substituída. No Espírito Santo, nem mesmo o delegado-geral da Polícia Civil conseguiu escapar da tentativa de extorsão.
Empresas de segurança digital de todo o planeta colocam o Brasil como campeão em golpes contra pessoas físicas, em esquemas considerados mais simples e possíveis de serem reproduzidos em larga escala. Os golpes de falso sequestro, praticados há pelo menos 15 anos, continuam fazendo vítimas. Outros, mais elaborados, acompanham as evoluções tecnológicas, como as ligações telefônicas que usam máscaras que adulteram os números na tela para enganar clientes de instituições financeiras. Nas últimas semanas, houve muitas denúncias dessa modalidade.
Outros golpes se tornam possíveis quando o usuário clica em links duvidosos ou baixa aplicativos maliciosos. Quanto mais alfabetizada digitalmente é a pessoa, o risco de cair em golpes é reduzido drasticamente. Mas nada impede que uma pessoa bem informada também acabe sendo vítima, em momentos de desatenção.
Um levantamento do ano passado da Serasa Experian apontou que as vítimas preferidas dos golpistas na internet estão na faixa dos 36 e 50 anos, justamente a que mais utiliza bancos pelo celular. Uma geração mais acostumada com a internet e, ainda assim, vulnerável às suas emboscadas. Ao mesmo tempo, dados do Disque 100, do governo federal, apontam que os golpes contra pessoas idosas cresceram nos cinco primeiros meses deste ano 73% em relação ao mesmo período do ano passado.
A conscientização precisa ser massiva, já que esses criminosos, que se escondem atrás da telas, se aproveitam da ingenuidade das vítimas.
Em 2021, a lei 14.155/2021 alterou o Código Penal para aumentar a punição para quem invadir a privacidade de uma pessoa para aplicar golpes e furtar dados. Mas até se chegar à prisão de quem pratica esses crimes, o caminho é longo e tortuoso, principalmente pelos métodos cada vez mais ousados adotados pelos oportunistas digitais. Quadrilhas podem estar em qualquer lugar do mundo, ludibriando os incautos sem muito esforço, sem apontar uma arma.
A internet potencializou o trabalho dos golpistas, que estão por aí desde que o mundo é mundo. O desafio das autoridades policiais é não ficar para trás.
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