Não foi acidentalmente que o Espírito Santo deu a guinada que o colocou na vanguarda gerencial nas duas últimas décadas. Houve muito trabalho e suor. A reorganização estatal, que culminou no seu inevitável fortalecimento, se deu em um contexto no qual lideranças com visão bem nítida de qual deve ser o papel do Estado encontraram apoio na sociedade organizada para enfrentar e superar as crises política, ética e econômica que abatiam o Espírito Santo e, assim, promover uma mudança de rumo. Deu certo, viramos um exemplo de gestão para o país.
O Estado abandonou, assim, um passado de desordem gerencial e financeira, inclusive com atrasos recorrentes no pagamento do funcionalismo, e um descaso institucionalizado com a administração pública, relegada a interesses políticos: um ambiente propício para a corrupção e outros malfeitos. Um pardieiro, e não era de se surpreender que o Espírito Santo afugentasse investimentos; nos últimos 20 anos, contudo, o jogo virou.
Estabeleceu-se desde então a busca pela saúde financeira, refletida nas seguidas notas A do Tesouro da última década que perpassaram diferentes governos. Com o crescimento do Espírito Santo sendo colocado como a prioridade, os laços entre governo e empresários se fortaleceu, a partir da óbvia lógica do mutualismo: o que é bom para um pode ser bom para todos. Um ambiente de negócios saudável faz a diferença para todos. Gera empregos, aumenta a qualidade de vida da população.
Há mais impactos sociais: as contas públicas em dia acabam sendo condição essencial para garantir a prestação de serviços à sociedade. Esse horizonte sem nuvens carregadas permitiu que o Espírito Santo realizasse investimentos, honrasse pagamentos e mantivesse serviços como educação, saúde e segurança funcionando. Há o que melhorar? Sim, muito. Os desafios do Espírito Santo se acumulam, das carências educacionais aos gargalos de infraestrutura, passando pela segurança pública.
É natural, portanto, que nestas primeiras eleições levadas ao segundo turno desde 1994 o setor produtivo do Espírito Santo fique mais apreensivo. É parte do jogo. A sabatina organizada por ES em Ação, Federação da Agricultura e Pecuária, Fecomércio, Findes e Fetransportes foi uma oportunidade para o atual governador, Renato Casagrande, repactuar seus compromissos com a boa gestão. Já Carlos Manato teve a chance de selar esse compromisso. Ambos estão cientes de que não há espaço para retrocessos. O Espírito Santo deve seguir em frente.
"O passado é uma roupa que não nos serve mais", cantava Belchior. A analogia cabe muito bem ao Espírito Santo desgovernado de décadas atrás. Qualquer pleiteante ao Palácio Anchieta deve saber que o compromisso com uma gestão eficiente e transparente, com portas abertas para a interlocução, é condição inegociável no Espírito Santo de hoje.
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