Daqui até o próximo domingo (30), há uma eternidade pela frente. Não só pelo tempo que falta para o segundo turno das eleições, com a percepção de que os próximos seis dias tendem a ser mais arrastados, turbinados pela ansiedade, mas por tudo o que este dia decisivo representa para o país.
Os desafios nacionais não são pontuais, e a construção de uma sociedade mais justa, que privilegie as oportunidades e não os privilégios, passa por um projeto de país que pare de repetir erros do passado e se comprometa com o presente e o futuro.
O Brasil não tem tempo a perder, mas a campanha deste ano sinaliza o contrário dessa urgência. O debate público está contaminado por desinformação sistematizada, mas não só isso: também está poluído por bobagens desconectadas da realidade, pautas absurdas que se sobrepõem à uma necessária agenda programática. Cortinas de fumaça que mobilizam setores mais efusivos do eleitorado e emperram o debate pautado pelo bom senso. Um atraso deliberado.
Na reta final das eleições, seria inocência esboçar qualquer otimismo sobre uma guinada na campanha, com candidatos se ocupando mais com propostas do que com acusações, falsas ou não. O tudo ou nada descaracteriza os valores republicanos, mas esse jogo não representa toda a sociedade. As pessoas estão fatigadas, independentemente dos números que apertarão na urna no domingo.
Se os candidatos não colaboram com um caráter mais propositivo e se jogam nesse ringue de lama; se os escândalos e afrontas antidemocráticas se sucedem, aos eleitores cabe fazer as escolhas mais racionais. Com uma boa dose de sensibilidade para os problemas que de fato afligem a população, sem olhares sectários. Separando o joio do trigo, com sabedoria.
Esses últimos dias de campanha vão exigir mais serenidade da sociedade. Uma serenidade que vai ser necessária também nos dias que se seguirão à eleição. O que não significa apatia ou aceitação de qualquer atrocidade que venha a ser cometida. Mas o Brasil, a esta altura, precisa respirar fundo e votar com consciência.
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