Vereadoras eleitas no ES têm a chance de fazer a diferença

A política continua sendo um ambiente hostil às mulheres, o que desestimula a entrada de novos nomes nesse jogo de cartas marcadas. Mas, neste ano, a presença de mulheres nas câmaras de todo o país cresceu, representando 18% dos eleitos

Publicado em 21/10/2024 às 01h00
Cláudia, Nágila, Roze, Vitória e Ilza: bancada feminina em Ponto Belo
Cláudia, Nágila, Roze, Vitória e Ilza: bancada feminina em Ponto Belo. Crédito: Divulgação/Arte A Gazeta

Vamos falar de Ponto Belo, a pequena cidade de 7 mil habitantes localizada no Norte do Espírito Santo, meramente por ser o único município do Estado a ter formado nestas eleições uma câmara municipal de maioria feminina. O que importa aqui é tomar a parte pelo todo: o que vale para as vereadoras de Ponto Belo vale para todas as mulheres eleitas em território capixaba. Inclusive as duas únicas prefeitas eleitas.

Neste ano, a conquista do voto feminino no Brasil completou 92 anos, mas passado quase um século a participação política feminina segue sendo um desafio de representatividade, mesmo com as transformações culturais e as leis que há algum tempo tentam garantir mais espaço. O caso de Ponto Belo é um ponto fora da curva: das nove cadeiras de vereadores na cidade, cinco serão ocupadas por mulheres a partir da próxima legislatura.

Essas mulheres que chegam, com esse peso representativo, precisam aproveitar a oportunidade para fazer a diferença. Para além do aspecto ideológico, pois há nesse grupo representantes de vários matizes, as vereadoras de Ponto Belo têm na mão a chance de dar início a uma trajetória singular, com olhares renovadores que coloquem os interesses coletivos em primeiro plano.

Não só em Ponto Belo, como em todas os municípios nos quais as mulheres estão na vereança. Vitória, por exemplo, terá três vereadoras. Neste ano, a presença de mulheres nas câmaras de todo o país cresceu, representando 18% dos eleitos, ainda bem abaixo da proporção de mulheres no eleitorado, mas um avanço. É assim que a política pode ser mais inclusiva, para representar de fato a sociedade, deixando para trás os vícios da velha política.

Não se trata, portanto, de dar início a uma guerra dos gêneros, pelo contrário. O que se espera é equilíbrio. Mas diante de condutas políticas falidas, nas quais os interesses pessoais se sobrepõem aos coletivos, é de se esperar que esse novo sopro feminino seja uma oportunidade de levar adiante um olhar mais inclusivo, cuidadoso e generoso com as cidades. 

Na atual legislatura, apenas 45 cidades brasileiras têm maioria de vereadoras nas câmaras municipais, a maior parte municípios com menos de 15 mil habitantes, segundo o TSE.  Ponto Belo, com suas cinco vereadoras, estará na vanguarda da representatividade. O compromisso dessas cinco mulheres — e dos quatro homens eleitos —  será melhorar a vida da população com uma atuação parlamentar digna e voltada para a coletividade.

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