Mais uma vez, as câmeras das ruas flagraram um atropelamento capaz de tirar o fôlego de quem assiste. Quando há imagens das ocorrências, a dimensão da violência no trânsito ganha contornos de realidade e proximidade, embora ocorra com ainda mais frequência sem registros nas ruas e avenidas. E as imagens também deixam mais exposta a vulnerabilidade dos pedestres nesses tempos de trânsito tão caótico.
Ireni Silva, 73 anos, fazia o que era certo, ao atravessar na faixa de pedestres. Seguia seu caminho na Rodovia Governador José Sette, em Cariacica Sede, até ser atingida e arrastada por um veículo, conduzido por uma motorista de 24 anos sem habilitação que não parou para prestar socorro. Um tipo de atitude que sintetiza a falta de responsabilidade: é como se ter licença para dirigir fosse algo dispensável. E, mesmo entre os habilitados, a falta de noção e educação aterroriza qualquer pessoa que coloque os pés na rua.
Não é exagero se assustar: em 2024, de acordo com o Observatório de Segurança Pública do Espírito Santo, foram 140 mortes provocadas por atropelamento no Estado. Um aumento de 26,1% na comparação com o ano de 2023, quando houve 111 vítimas.
Nesta segunda-feira (13), a vítima foi uma criança de 5 anos, atropelada por uma Honda Biz em Vila Nova de Colares, na Serra. O condutor, nesse caso, prestou socorro.
No ano passado, o atropelamento de mãe e filha, também na faixa, em uma avenida de Vila Velha, provocou comoção semelhante. A menina, que estava no colo da mãe, não resistiu.
Está no Código de Trânsito Brasileiro: "Os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres". Nâo é o que vem acontecendo.
Não parar na faixa de pedestre é um ato de covardia de qualquer condutor, e é uma infração cada vez mais flagrada nas vias. Ninguém ousa atravessar uma avenida confiando apenas no sinal fechado para os veículos: a rotina é esperar todos os que avançam, muitas vezes em alta velocidade, para então colocar os pés no asfalto.
Combater a impunidade é importante, motoristas que cometem esses crimes de trânsito precisam de punição. Mas essa é uma etapa posterior, necessária após a ocorrência dessas tragédias cotidianas. Mais importante é evitar que elas aconteçam, e não há saída além da fiscalização. Uma motorista sem CNH, circulando livremente pelas ruas, é a prova de que está faltando mais rigor.
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