Importunação sexual acontece o tempo todo nas ruas e ninguém vê

Toda a visibilidade para esse crime é necessária, para que as vítimas se encorajem a denunciar. Elas não podem se sentir sozinhas

Publicado em 06/09/2024 às 01h00
Homem de bicicleta dá tapa em PM no meio da rua em Vila Velha
Homem de bicicleta dá tapa em PM no meio da rua em Vila Velha. Crédito: Reprodução | Videomonitoramento

As câmeras de segurança, ao flagrar o momento em que um jovem de bicicleta dá um tapa forte nas nádegas de uma mulher na rua, conseguiram mostrar uma violência que, lamentavelmente, não é rara nos espaços públicos, mas muitas vezes acaba sem punição.  Um mulher atacada, nessas circunstâncias, pode ficar sem reação. É traumático. A própria impunidade é um fator para que muitas nem mesmo denunciem ou façam um boletim de ocorrência.

No episódio registrado nas imagens, ocorrido na Praia de Itaparica, em Vila Velha, na última segunda-feira (2), o agressor não imaginava que a vítima era uma soldado da Polícia Militar de folga, que acabava de sair da academia. Ela correu atrás dele e, com ajuda de uma outra moça, que o empurrou da bicicleta, e alguns motoboys, conseguiu rendê-lo.

Toda mulher conhece ou já foi ela própria vítima de importunação sexual, esse crime que viola a sua intimidade, principalmente em lugares públicos, com toques inapropriados ou atos libidinosos sem consentimento, assim como a exibição de órgãos sexuais. Mas, apesar de ser uma violência praticada em locais com muita gente, como o transporte público, nem sempre ela é testemunhada por pessoas além da vítima. É uma experiência solitária.

A legislação brasileira avançou quando, em 2018, tipificou o crime. Até então, a importunação sexual era considerada apenas uma contravenção penal. Na Câmara dos Deputados, atualmente tramita o Projeto de Lei 348/24 que aumenta a pena mínima, atualmente de um ano de reclusão, para dois anos. A máxima é de cinco anos. O projeto também quer  impedir a realização de acordo de persecução penal nesses casos, o que pode até extinguir a pena.

Toda a visibilidade para esse crime é necessária, para que as vítimas se encorajem a denunciar. Elas não podem se sentir sozinhas.  O silêncio ajuda a perpetuar esse comportamento inaceitável de homens sem o mínimo de civilidade, que tratam mulheres desconhecidas na rua como meros pedaços de carne. Eles precisam ser tratados como o que são: criminosos. 

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