No dia 20 de agosto, o fogo que consumiu a vegetação nos arredores da ES 080, em Colatina, foi tão intenso e assustador nas imagens que circularam pelas redes sociais que acabou sendo chamado de "incêndio do fim do mundo". Já na última quinta-feira (29), um incêndio na turfa levantou uma fumaça que praticamente engoliu um trecho do Contorno de Mestre Álvaro, na Serra, provocando a interdição da via. As cenas foram igualmente assustadoras.
Na Amazônia, as queimadas em 24 horas bateram recorde na semana passada. O Pantanal está em chamas. E outros estados, como São Paulo, lutam para combater os focos de incêndio. Os indícios são de que se trata de ações criminosas, em um período do ano no qual as secas já são, naturalmente, uma causa do aumento de casos. Mas não se pode tirar da equação as mudanças climáticas, que também contribuem para períodos mais longos de estiagem.
No Espírito Santo, foi determinado pelo governo estadual "estado de atenção" para a seca, com ações para evitar uma crise hídrica. Apesar de ter havido crescimento expressivo de 73% no número de incêndios em 2024 (até o dia 25 de agosto), na comparação com o mesmo período de 2023, os 310 registros deste ano correspondem a 0,3% do total de focos em todo o país. O que não diminui as preocupações.
Tanto pelas possíveis ações criminosas — na sexta-feira (30) dois suspeitos de incêndios em áreas de vegetação foram multados em Alegre; na quinta-feira (29), a polícia afirmou que estava investigando se queimadas das últimas semanas em Afonso Claudio foram criminosas — quanto pelos efeitos das mudanças climáticas, o país, os estados e os municípios dependem de estratégias mais eficazes de controle desse problema, que tende a se agravar.
No país, as queimadas simultâneas levantaram suspeita de um crime articulado. Em São Paulo, até a última semana, dez suspeitos já tinham sido presos. A crise é tenebrosa para uma nação que precisa ser um exemplo de boas práticas ambientais, para torna inclusive o seu agronegócio ainda mais competitivo no exterior.
É, sim, um cenário de terror. Nem todos os casos são criminosos, há os incêndios decorrentes da situação climática, mas não há como negar que alguma coisa está fora da ordem. O Brasil está pegando fogo, essa é a emergência nacional que exige uma ação coordenada pelo governo federal, com ações locais de estados e municípios.
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