Quando se personifica a defesa do meio ambiente, alguns ambientalistas fizeram e fazem história no Brasil. Seus rostos são imediatamente lembrados: Chico Mendes, Dorothy Stang, Ailton Krenak. Cada um em sua época, são alguns dos nomes indissociáveis da causa socioambiental e fontes de inspiração para tantos outros que, mesmo sem os holofotes, plantam as sementes da transformação. Mostram a força da atitudes individuais.
O que dizer do advogado aposentado Rossini Vogas, que com a iniciativa de reflorestar a propriedade localizada entre Viana e Domingos Martins desde 2003 fez brotar 12 nascentes cristalinas, que desaguam no Rio Jucu? Como classificar a ação de Dalva Ringuier, que foi capaz de erguer uma floresta onde antes era pasto, em Dores do Rio Preto, na Região do Caparaó capixaba?
Muitos podem ter a tentação de chamá-los de heróis anônimos, o que é justo, mas o que essas pessoas praticam vem a ser o exercício mais bem acabado de humanidade. Um senso de pertencimento ao planeta e de responsabilidade com o meio ambiente que deveria contagiar a sociedade e seus governantes.
A causa ambiental se tornou uma agenda que, mesmo considerada fundamental para o futuro do planeta, é costumeiramente deixada de lado. Esquece-se o sentido de conexão, de que não há como sustentar o crescimento econômico sem dar a devida preocupação aos recursos naturais do planeta. Meio ambiente não se relaciona somente com a natureza: ele também padece com os desequilíbrios sociais.
Há pelo menos meio século, quando a ONU instituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, a pauta da sustentabilidade se desenvolveu em meio a avanços e retrocessos, mas é fato que desde então se disseminou a noção da finitude dos recursos naturais. Antes, ainda era comum a mentalidade de que eles seriam inesgotáveis. O desenvolvimento predatório é prejudicial para a própria geração de riquezas.
Portanto, é louvável que existam ações individuais que façam a diferença. Mas não se pode correr o risco da acomodação: a sociedade civil organizada tem um compromisso de cobrar e propor mudanças; governantes e legisladores devem se envolver com ações estruturais para a proteção ambiental. Este jornal se propõe a ser porta-voz, de uma forma propositiva, na página Atitude Sustentável, lançada neste domingo (5).
Rossini Vogas, com sua devoção pessoal ao reflorestamento de sua propriedade, foi modesto sobre seu papel: "Você só tem que dar uma força para a natureza, o resto ela faz". Essa força, contudo, com o empenho governamental sério e organizado, pode ser ainda mais transformadora. As atitudes individuais precisam estimular as coletivas. Ninguém está sozinho.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.