Chega a ser assustador que uma operação do porte da realizada na última sexta-feira (31) pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) tenha sido necessária em um município tão diminuto quanto Jaguaré, com seus aproximados 30 mil habitantes. Foram mobilizados policiais civis e militares, com o apoio de helicóptero do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar (Notaer), para a missão de cumprir 12 mandados de prisão e dois de busca e apreensão.
É triste, mas necessário. É importante que as ocorrências cada vez mais violentas no interior do Estado já tenham acendido o alerta das autoridades de segurança pública. As investigações baseadas sobretudo nas prisões apontam para uma migração de criminosos da Grande Vitória para as cidades menores. São bandidos que saem da Região Metropolitana para expandir a atuação do tráfico por todo o Estado, muitos deles com conexões com facções nacionais.
É tudo uma questão de mercado. Enquanto a guerra por domínio do tráfico se desenrola na Grande Vitória, quem chega primeiro ao interior encontra um território a ser desbravado, com potencial de novas receitas. O problema é que neste negócio ilegal a concorrência é na base da bala, com mortes cada vez mais recorrentes que assustam os moradores de localidades até pouco tempo atrás tranquilas.
Fora do eixo da Grande Vitória, Colatina é uma das maiores cidades do interior que neste início de ano tem sofrido com o aumento da violência. Os homicídios na cidade passaram de quatro no primeiro bimestre de 2022 para sete no mesmo período deste ano (crescimento de 75%). Mortes em sua maioria ligadas ao tráfico.
Os esforços institucionais para combater a violência nos bairros dominados pelo crime na Grande Vitória não podem ser desmobilizados: a queda sistemática nos homicídios nos últimos 13 anos mostram a importância das políticas de Estado para a segurança pública.
Mas é preciso atenção redobrada para esse êxodo de criminosos para o interior, para evitar a consolidação de uma infraestrutura do crime que se fortalece sem a devida repressão estatal. Operações como a da semana passada são importantes demonstrações de força policial, mostrando aos criminosos que o interior do Espírito Santo não é terra sem lei.
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