Investimento ferroviário em Minas: o ES tem tudo a ver com isso

Governo estadual acerta ao defender seus interesses logísticos em Brasília: a variante da Serra do Tigre, em Minas, trecho ferroviário de 355 quilômetros, deve mesmo ser prioridade da agenda de infraestrutura capixaba

Publicado em 03/09/2024 às 01h00
ferrovia
Ferrovia, estrada de ferro. Crédito: Manfred Richter/Pixabay

Não tem muito tempo que afirmamos neste espaço que "quem tem porto precisa de ferrovia". A consolidação logística capixaba só vai acontecer quando os  investimentos no setor portuário encontrarem também uma malha ferroviária mais ampla e eficiente. O que também exige investimentos.

O Espírito Santo tem vocação para o comércio exterior, mas já faz tempo demais que vê seus pleitos de infraestrutura, essenciais para o amplo desenvolvimento do setor, serem adiados ou esquecidos. A mobilização recente do governo estadual em Brasília para destravar investimentos ferroviários de interesse do Espírito Santo mostra que as lideranças capixabas estão atentas e aproveitando as oportunidades, ao voltarem a fazer pressão pela construção da variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais.

O trecho ferroviário de 355 quilômetros no Estado vizinho vai ampliar a capacidade de escoamento de cargas no Corredor Centro-Leste, eixo ferroviário que conecta o Centro-Oeste do país, a locomotiva do agronegócio, e os portos do litoral capixaba. É um olhar de longo prazo, para aumentar a competitividade do Espírito Santo, diante de um horizonte no qual já se vê o fim dos incentivos fiscais.

Atualmente, o traçado da via, controlada pela  Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), por ser muito íngreme no trecho da Serra do Tigre, faz com que os portos do Rio de Janeiro e São Paulo acabem sendo privilegiados. É um gargalo logístico que limita o volume de cargas que chegam aos nossos portos. 

É um desejo antigo, que encontra uma janela de oportunidade com reabertura das audiências públicas para debater a prorrogação do contrato de concessão da FCA e a renegociação das renovações antecipadas das ferrovias Vitória-Minas e Carajás, da Vale. É daí que podem surgir tanto a viabilidade quanto as alternativas de financiamento da obra: as estimativas  variam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 13 bilhões. 

O investimento é vultoso, portanto. Em 2021, quando a demanda ganhou musculatura ainda no governo Bolsonaro, Espírito Santo, Minas e Goiás trabalharam juntos. O contexto político agora é outro, mas o pleito não perdeu peso.  Há estudos realizados nos últimos anos que mostram que o contorno da Serra do Tigre triplicaria a capacidade de transporte. É mais carga do Centro-Oeste, passando por Minas e chegando aos portos capixabas. O Espírito Santo tem tudo a ver com isso.

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