A pandemia do coronavírus tem servido para mostrar o melhor e o pior do ser humano. Ao mesmo tempo em que a crise sanitária revela a união de cientistas pelo controle da doença e a descoberta da cura, a diligência de profissionais de saúde para salvar vidas, a dedicação de autoridades para mitigar impactos, a criatividade de artistas para promover reflexão e alívio e a solidariedade de pessoas para respeitar regras de isolamento e doar tempo e dinheiro aos mais afetados, este drama mundial também tem descortinado velhos e novos males. Entre as más notícias, estão incluídas da ganância de golpistas à indiferença pelo aprofundamento das desigualdades sociais.
A luta contra o vírus e todos seus efeitos colaterais demanda conhecimento e divulgação precisa dos fatos, únicas balizas possíveis em um terreno inédito e pantanoso. Ciência e jornalismo, portanto, funcionam como faróis em meio à neblina das incertezas que surgem diante de uma situação complexa e sem precedentes. Qualquer que seja ela. Curiosamente, no entanto, a Covid-19 trouxe a reboque outro parasita potencialmente letal: a desinformação.
Conteúdos maliciosos contaminam pessoas em todo o globo. Pesquisadores e jornalistas têm, então, se desdobrado para combater duas pandemias, a do coronavírus e a das fake news. Ao mesmo tempo em que buscam manter a população bem informada sobre riscos e cuidados, veículos de mídia também precisam multiplicar esforços para desmentir a avalanche de boatos, dados imprecisos e informações deliberadamente falsas.
Para cada receita caseira e ineficaz de álcool em gel ensinada no YouTube, jornais divulgam métodos eficientes de higiene. Para cada armadilha para capturar dados de incautos por meio de aplicativos que simulam programas do governo, as TVs dão o passo a passo para requerer direitos. Para cada corrente de WhatsApp que propaga alegações infundadas sobre medidas de isolamento e uso de medicamentos, rádios e sites noticiosos esquadrinham e traduzem estudos de especialistas. A boa notícia, portanto, é que o jornalismo profissional tem servido como antídoto.
Apesar das campanhas de descrédito contra a mídia nesta era da pós-verdade, as pessoas têm se voltado para a imprensa profissional para dirimir dúvidas. Levantamento da consultoria Edelman revelou que 64% da população de dez países, entre eles o Brasil, vê a imprensa como a fonte mais confiável de informações nestes tempos de pandemia. Por aqui, pesquisa Datafolha do fim de março aponta que conteúdos jornalísticos de TV, jornais impressos, rádio e sites de notícia estão bem à frente das redes sociais no índice de confiança. Apenas 12% disseram acreditar em informações sobre o coronavírus que vêm do WhatsApp e do Facebook.
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Veículos no mundo inteiro têm apresentado recordes de audiência, incluindo A Gazeta, o que indica que a população parece estar criando anticorpos contra a desinformação. Jornalismo e ciência têm métodos distintos, mas ambos zelam pela verdade dos fatos. Opiniões são necessárias e bem-vindas, porque são elas que movimentam as engrenagens da vida pública. Mas para que esse movimento seja para frente, críticas e julgamentos devem estar balizados por honestidade intelectual e acurácia dos dados. Informação precisa sempre foi e sempre será ferramenta vital para a humanidade diante de uma situação complexa. Qualquer que seja ela.
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