Não bastasse o desespero de não saber o paradeiro dos três adolescentes desaparecidos após um tiroteio na sexta-feira (18) em Sooretama, no Norte do Espírito Santo, os familiares ainda estão tendo que encarar ações de oportunistas. Além de denúncias falsas ao 181 que mobilizam a polícia e não se confirmam, a mãe de um dos meninos afirmou ter sido vítima de um golpe.
Em entrevista ao repórter Tiago Félix, da TV Gazeta, ela disse ter recebido a ligação de uma pessoa que afirmou que estaria com os meninos e os soltaria caso recebesse R$ 10 mil por Pix. O valor pedido pelo suposto sequestrador foi reduzido até os R$ 500 que foram pagos pelo outro filho dela. Uma demonstração de oportunismo diante da angústia alheia que assusta, em um momento que deveria ser de solidariedade, diante de tudo que familiares e amigos estão passando desde sexta-feira.
Naquele dia, Carlos Henrique do Nascimento Trajanos e Kauã Loureiro Corrêa, ambos de 15 anos, e Wellington Gomes Simon, de 14 anos, por curiosidade foram para a rua de bicicleta após um tiroteio ocorrido no bairro Areal e não foram mais vistos. A Polícia Civil confirmou que os três não têm passagens pela polícia. Familiares também disseram que nenhum deles faz uso de drogas. Mesmo nessas circunstâncias, o sumiço já seria inaceitável.
As investigações enfrentam dificuldades com as denúncias falsas, outra faceta desumana desse episódio. Em um dos casos, os policiais receberam uma mensagem de áudio afirmando que os meninos estariam indo a pé para São Mateus, pela BR 101. Investigadores percorreram todo o trajeto, pararam em postos na estrada, mas não houve nenhuma confirmação da passagem dos garotos pela região.
Os familiares pedem empenho da polícia, enquanto as autoridades afirmam estar se esforçando na busca. Esse é um caso que precisa de respostas, e há recursos que podem ajudar nas investigações, como a análise de câmeras de monitoramento da região e o uso da inteligência policial.
Os adolescentes são moradores de uma região de Sooretama na qual traficantes disputam o poder e desapareceram em circunstâncias ainda não esclarecidas. As famílias passam por momentos de apreensão e o mínimo que se espera é mais humanidade das pessoas. Aplicar golpes em quem já está sofrendo ou fazer denúncias falsas para tumultuar as investigações é uma frieza inconcebível.
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