Há males que vêm para o bem, pelo menos em algum nível. A reclamação de exportadores de rochas e café do Espírito Santo sobre o apagão logístico no Porto de Vitória, sobretudo com o aumento das importações de veículos elétricos, está inflando um debate ainda maior sobre as carências de infraestrutura no Estado. Um momento oportuno para destravar projetos importantes que ainda nem sequer engatinham.
Ora, em editorial anterior, reforçamos a necessidade de um cardápio com mais opções portuárias: do aguardado início das obras do Porto Central, em Presidente Kennedy, à entrega do porto da Imetame, em Aracruz, prevista para o segundo semestre do ano que vem. Mas quem quer porto também precisa reivindicar modais logísticos que os conectem. E as ferrovias são as mais eficientes, por permitirem que as cargas cheguem em maior volume.
Em sua coluna na semana passada, Abdo Filho reforçou a necessidade da modernização do Corredor Centro-Leste para ampliar a capacidade de escoamento de cargas, sobretudo do agronegócio, do Centro-Oeste do país aos portos do litoral capixaba. Para isso, há um pleito nacional importante pela construção do contorno ferroviário da Serra do Tigre, em Minas Gerais, conectando-se com a Vitória-Minas. Em outro artigo do colunista, ele avançou no tema mostrando os projetos ferroviários que precisam ser destravados dentro do Estado.
Um deles é a estrada de ferro ligando Santa Leopoldina e Anchieta (Porto de Ubu, da Samarco), como um ramal da Vitória-Minas. No início deste mês, o governo estadual recebeu da Vale o projeto básico de engenharia do primeiro trecho da ferrovia EF-118, que vai conectar Anchieta a Presidente Kennedy, onde estará o Porto Central. Em longo prazo, a estrada de ferro ligará o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. No ano passado, a EF-118 entrou no Novo PAC.
A discussão sobre esses trechos ferroviários entrou nesta década com várias idas e vindas, sendo um projeto de infraestrutura que pode transformar a logística capixaba, levando o comércio exterior a um novo patamar. É voltar a bater na tecla de que há um subaproveitamento da posição estratégica do Espírito Santo.
Para o futuro, é prevista uma ferrovia que ligue a região Centro-Oeste ao Porto Central: a EF-352. Partindo de Presidente Kennedy, percorre Minas Gerais e vai até Anápolis (GO), conectando-se à Ferrovia Norte-Sul.
Essas discussões não nasceram agora, mas precisam aproveitar o calor do momento para ganharem ainda mais corpo. Os projetos de infraestrutura, incluindo aí a modernização rodoviária, se arrastam demais, enquanto as oportunidades de crescimento vão ficando pelo retrovisor. O Espírito Santo está demorando tempo demais a entrar nos trilhos.
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