Lula fala, dólar dispara: não há mais como fugir do corte de gastos

O governo precisa de uma agenda única, de preferência a de Haddad, que já compreendeu que não há como escapar do corte de gastos públicos. O rombo nas contas do governo, ao crescer indefinidamente, causa ainda mais incertezas

Publicado em 13/06/2024 às 01h00
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O presidente Lula . Crédito: Gabriela Biló/Folhapress

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio à maior crise de confiança com a política fiscal de seu terceiro mandato, ajudou a acentuar o desconforto do mercado nesta quarta-feira (12) com um discurso, inapropriado para o momento, que acabou excluindo o corte de gastos públicos dos compromissos do governo federal para atingir o equilíbrio fiscal.

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Presidente, durante evento no Rio de Janeiro

"O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público"

Foi suficiente para mais uma disparada do dólar, que alcançou R$ 5,42 no final do dia. Isso em um momento no qual a moeda norte-americana está em queda no exterior.

Um governo de sinais trocados.  Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preparava no início desta semana um cardápio com opções de cortes de despesas públicas, o presidente seguiu pela contramão, insistentemente. E o mercado sente que a decisão sobre um possível ajuste cabe a Lula. E assim se ergue um muro de desconfiança, afugentando investidores diante de uma agenda econômica sem rumo.

Há boas notícias que deveriam engatilhar o compromisso com a responsabilidade fiscal, que não deveria ser tratada como um tabu. No primeiro trimestre deste ano o PIB voltou a crescer com vigor no país. Houve crescimento dos empregos formais e da renda. Ora, por que não trabalhar para a sustentabilidade desses dados, para que deixem de ser voos de galinha? Isso só será possível com um ajuste fiscal inteligente, no qual haja mais eficiência no gasto. Priorizando áreas e setores essenciais, eliminando as gorduras. Que, sabemos, são muitas.

O governo precisa de uma agenda única, de preferência a de Haddad, que já compreendeu que não há como escapar do corte de gastos públicos. O rombo nas contas do governo, ao crescer indefinidamente, causa ainda mais incertezas. Um ciclo sem fim, com fuga de investimentos, pressão inflacionária e aumento de juros. E, dessa forma, o país segue perdendo as oportunidades de crescimento econômico e de gerar ainda mais riquezas como nação.  

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