Não foi um recado das urnas, foi um memorando. Não deveria ser surpresa para ninguém que uma eleição tão polarizada quanto a presidencial de 2022 fosse levada para a prorrogação, sobretudo diante de uma campanha carente de propostas na mesa, debatidas com seriedade pelos dois candidatos à frente nas pesquisas.
É por isso que, para atravessar essa nova etapa que se encerra no dia 30 de outubro, Lula e Bolsonaro terão que entregar mais aos eleitores. Os esqueletos no armário de ambos são conhecidos e, como a votação expressiva concentrada nos dois comprovou, não são determinantes para mudar o pensamento do eleitor mais engajado ideologicamente.
O que vai fazer a diferença neste segundo turno é a conquista dos eleitores moderados. E o que eles querem? Enxergar em cada um dos candidatos a capacidade de governar e de produzir soluções para as tragédias brasileiras que se acumulam.
É a economia que precisa se fortalecer e crescer, para gerar empregos e fazer a pobreza retroceder. São os investimentos e estímulos à educação para consolidar um mercado de trabalho em constante evolução, provocando a redução das desigualdades e a paz social. Tudo isso em um cenário que promova o equilíbrio ambiental, sem degradação, e dê um papel de destaque ao país no cenário internacional.
Tanto Lula quanto Bolsonaro não são estreantes no comando do país. Têm um histórico de erros e acertos que precisam passar por um escrutínio neste momento, com uma régua que consiga determinar quem é mais apto a estar no Planalto para guiar o país em momentos de crise. Quem consegue fazer da política um instrumento para construir consensos?
Esse tipo de articulação já será determinante desde agora, neste segundo turno. É hora de conversar e firmar acordos com os candidatos derrotados, que também devem se impor nesse debate tão relevante para o futuro. Esse é o valor da democracia, ninguém vence uma eleição sozinho. Viver a democracia exige participação de todos os atores políticos, como representantes da sociedade.
O segundo turno deve ser crucial para uma campanha que seja abrangente, mas que não peque pelos simplismos já conhecidos. O eleitor que não se encontra nos extremos é o que vai fazer a diferença. E ele quer proposta e compromisso, quer ser enxergado sem a miopia que dominou o primeiro turno.
LEIA MAIS EDITORIAIS
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.