Não há um dia de paz no trânsito. Dia após dia, as mortes se acumulam: os dados mais recentes do Observatório da Segurança Pública do Espírito Santo, referentes a janeiro e fevereiro deste ano, mostram que 91 pessoas perderam a vida no Espírito Santo enquanto, de alguma forma, tentavam se deslocar por calçadas, ruas, avenidas e rodovias. Vidas que se interromperam em um piscar de olhos.
Na madrugada do último domingo (3), a colisão de dois veículos na Rodovia do Sol, em Vila Velha, provocou a morte de um casal no local. As cenas, flagradas por câmeras de um condomínio próximo, expõem uma violência que está cada vez mais banalizada pela sua recorrência. E impressiona que, mesmo com tantas imagens de acidentes de trânsito circulando pelos celulares, eles continuem tão frequentes.
Há um roteiro que também teima em se repetir. O motorista sobrevivente neste acidente fez o teste do bafômetro e confirmou ter ingerido bebida alcoólica. A Justiça acabou convertendo a prisão em flagrante em preventiva na audiência de custódia. Já o carro das vítimas estava com licenciamento vencido desde 2018. Infrações e irregularidades que, se houvesse uma fiscalização mais efetiva, poderiam ser flagradas e reprimidas.
A Lei Seca, de 2008, provocou uma mudança cultural importante. Foi com ela que beber e dirigir se tornou efetivamente uma conduta socialmente reprovada, para além da própria criminalização. As blitze, sobretudo nos finais de semana e no período noturno, disseminaram-se em pontos aleatórios das grandes cidades. Para evitar complicações com a Justiça, o carro passou a ficar na garagem quando o consumo de bebida alcoólica estava envolvido.
É preciso voltar a fiscalizar o trânsito, de forma mais ostensiva. A pandemia, principalmente, provocou uma redução das abordagens, mas a retomada da rotina já permite ações organizadas, em locais estratégicos. São medidas importantes não somente para flagrar motoristas que consumiram álcool, mas outras irregularidades que também são problemáticas para a segurança pública. Operações policiais de combate ao tráfico em bairros conflagrados são importantes, mas as autoridades precisam voltar a promover o empenho nas fiscalizações das vias. Algo que, além de evitar acidentes, que matam tanta gente, também têm impacto na criminalidade.
Há estratégias de segurança pública que trazem bons resultados e já estão implementadas em alguns municípios, como o cerco eletrônico. Há cada vez mais monitoramento visual de ruas, avenidas e espaços públicos. Mas as blitze são efetivas porque, por mais incômodas que possam ser por quem transita nas vias, acabam sendo educativas e mudando comportamentos.
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