As regras são conhecidas, as campanhas como o Maio Amarelo estão consolidadas. No entanto, o número de acidentes de trânsito nas ruas e estradas do país continua a chocar. No último fim de semana, duas colisões em Guarapari comoveram os capixabas. Em uma delas, um caminhoneiro morreu após ter o veículo atingido por um carro conduzido por uma motorista alcoolizada. Infelizmente, novos episódios comprovam as velhas estatísticas, que apontam que 90% das ocorrências são evitáveis.
O já conhecido tripé formado por negligência, imprudência e imperícia mata uma pessoa a cada 12 minutos no Brasil. São 500 mil vítimas de acidentes por ano, o que equivale a 900 modernas aeronaves Boeing 777 lotadas de passageiros. No Espírito Santo, a pandemia reduziu as ocorrências e as mortes em 2020, mas a letalidade ficou em estratosféricos 18,4 óbitos por cem mil habitantes. Qualquer número acima de 10 é considerado crítico pela OMS.
Mesmo com cerca de 8 mil acidentes de trânsito a menos no Estado, o perfil das vítimas manteve-se estável. Quase metade dos mortos eram motociclistas, categoria bastante demandada pela dinâmica da quarentena, com o boom dos serviços de delivery. Ao lado dos pedestres e ciclistas, os motociclistas são os elementos mais vulneráveis no tráfego das cidades.
E em 2021 a realidade é ainda mais trágica. Até agosto, segundo dados mais recentes da Sesp, 271 motociclistas já perderam a vida nas ruas, um aumento de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os atropelamentos com mortes também subiram 16%. Mas há muitas camadas de dor nessas ocorrências. Por trás dos números oficiais dos óbitos, há uma realidade vivida por vítimas e familiares que é desconhecida, que é a das pessoas que enfrentam sequelas, muitas vezes incapacitantes, para o resto de suas vidas.
Quarto país com o maior índice de acidentes de trânsito do mundo, o Brasil gasta cerca de R$ 60 bilhões por ano com acidentes de trânsito, com internações hospitalares, pagamentos de seguro, aposentadorias por invalidez. Gasta-se muito, mas não investe-se. Dizer que 90% dos acidentes são evitáveis significa dizer que suas causas podem ser diagnosticadas e drasticamente reduzidas, com soluções de engenharia em trechos de risco, adoção de redutores de velocidade, por exemplo. Uma fiscalização firme e atuante também é indispensável.
Mas a maior mudança, fator incontornável para um trânsito mais seguro, é o comportamento de pedestres, ciclistas e condutores. Assim como na pandemia de Covid-19 que o mundo enfrenta neste momento, e com a qual terá que lidar por algum tempo ainda, as medidas profiláticas são a melhor saída. O cuidado, consigo mesmo e com o próximo, é a diferença entre vida e morte.
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