Max Mauro, o governador que ousou modernizar o ES no seu tempo

Liderança tradicional do ES que morreu nesta quinta-feira (14) foi um gestor que entendeu que para fazer do povo a sua prioridade deveria sanear as finanças do Estado. E conseguiu

Publicado em 15/11/2024 às 09h27
Max Mauro inicia trajeto até Vila Velha após pagar pedágio na Terceira Ponte
Max Mauro inicia trajeto até Vila Velha após pagar pedágio na inauguração da Terceira Ponte. Crédito: Gildo Loyola

Um anacronismo pode ser o julgamento de acontecimentos de outras épocas com as lentes do presente, desconsiderando o impacto da passagem do tempo nessa avaliação. A partida de Max Mauro — e o consequente repasse de sua vida pública, sobretudo à frente do governo estadual na segunda metade da década de 80, em tantas homenagens — tira qualquer perspectiva de  anacronismo de cena: mesmo com os olhos de hoje, o que fica sobre a sua passagem pelo Palácio Anchieta é a marca de um governo atemporal.

A entrega da Terceira Ponte é um marco dos grandes projetos de mobilidade, ainda uma das grandes demandas dos nossos tempos. Assim como a formulação do Sistema Transcol para a Grande Vitória, que organizou o que era só caos (pagar uma passagem única para circular por toda a região metropolitana pode parecer algo banal hoje, mas em muitos centros urbanos do país isso ainda está longe de ser uma realidade).

E o que falar das preocupações ambientais? Da preservação da Mata Atlântica remanescente, passando pelo combate à poluição do ar na Grande Vitória e à iniciativa de despoluição da Baía de Vitória. Max Mauro, no que diz respeito a esses temas, estava atento às demandas ecológicas que começavam a ganhar espaço no debate público naqueles tempos e, neste século 21, passaram a ser obrigatórias.

A maior justiça quanto ao seu legado, contudo, deve ser feita no que diz respeito ao que possibilitou todas essas entregas: a responsabilidade fiscal. Um governo que começou austero para, no último ano de mandato, recuperar a capacidade de investimento. Max Mauro foi um gestor moderno, que entendeu que para fazer do povo a sua prioridade deveria sanear as finanças do Estado. E conseguiu. Assim, foi possível colocar o social em primeiro lugar, com o zelo pela coisa pública.

Também se posicionou como uma liderança ética, reconhecida assim por seus pares, ao nunca se colocar acima das instituições democráticas. Um político conectado com o seu tempo, naquele  momento em que as expectativas eram altas após os pesados anos de ditadura no país.

Enfrentou o crime organizado e, com mais saúde institucional e financeira, preparou o Espírito Santo para tempos melhores, o que infelizmente, pelas circunstâncias políticas posteriores ao seu mandato, só se consolidou mais de uma década depois. É incontestável, contudo, que o governo Max está no DNA desse Espírito Santo que vivenciamos hoje, reconhecidamente próspero.

No folclore político, Max Mauro foi apelidado de "tartaruga", porque suas decisões e obras eram consideradas lentas naquela época. Mas o tempo (sempre ele) é o senhor da razão. Como em Eclesiastes, Max Mauro mostrou que tudo tem seu tempo, e não se coloca um estado como o Espírito Santo de pé do dia para a noite sem muito trabalho e confiança.

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