Menino baleado em escola de Vitória é retrato da guerra que vitima inocentes

Ninguém está protegido, nem mesmo dentro dos muros do ambiente escolar. Tiroteios em áreas próximas a escolas em bairros conflagrados pelo tráfico ocorrem com uma frequência inaceitável

Publicado em 14/10/2022 às 01h00
Tiro
Quadra de escola onde criança foi baleada na cabeça em Vitória. Crédito: Oliveira Alves

Ainda está sendo investigado se o tiro que feriu gravemente uma criança de 10 anos em uma escola de São Cristovão tem relação com a crise de segurança pública instaurada em Vitória na terça-feira (11), quando seis ônibus foram atacados em pontos próximos a áreas de conflito do tráfico. Um dia em que o medo se espalhou por toda a Capital.

Independentemente da associação ou não com aquele dia de terror na cidade, o tiro que atingiu o menino na cabeça enquanto  alunos e professores comemoravam o Dia das Crianças na quadra do colégio reforça a gravidade da situação da segurança pública na Grande Vitória. Ninguém está protegido, nem mesmo dentro dos muros do ambiente escolar. 

Tiroteios em áreas próximas a escolas em bairros conflagrados pelo tráfico ocorrem com uma frequência inaceitável. Uma recorrência que leva o medo para a sala de aula, espaço que deveria garantir a segurança de crianças e funcionários. Em 2021, um colégio se destacou como testemunha da violência: a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Izaura Marques da Silva, em Andorinhas, teve que fechar suas portas em pelo menos três ocasiões. Em uma delas, um tiro atingiu uma sala de aula, sem deixar feridos, quando mais de 70 alunos estavam na escola.

Em agosto passado, um tiroteio assustou pais e filhos na hora de entrada de uma escola no bairro Graúna, em Cariacica.  O impacto desses eventos na aprendizagem das crianças é imensurável, com prejuízos que marcam o desenvolvimento educacional ao longo da vida. Em um país que tem tantos desafios nessa área, da evasão escolar à qualificação profissional, essa vulnerabilidade deve ser um ponto de atenção das autoridades públicas e da própria sociedade. Sem paz e tranquilidade, a educação se fragiliza ainda mais. É o futuro de uma geração que está em jogo.

A Prefeitura de Vitória informou que a Guarda Municipal realiza a ronda diariamente na escola municipal Orlandina d'Almeida Lucas, onde o menino foi baleado na terça-feira. A reportagem da TV Gazeta esteve lá pela manhã, nesta quinta-feira (13), e não constatou a presença da viatura. Pela lógica, a presença ostensiva é importante, especialmente após uma ocorrência grave, mas se vier a se confirmar que o caso foi de bala perdida, pouco poderia ter sido feito para evitar a tragédia. A criminalidade infiltrada na região é que precisa ser combatida.

O menino, internado no Hospital Infantil, luta pela sobrevivência: segue intubado, com quadro de saúde estável, sem previsão de alta. Um garoto que muito provavelmente estava cheio de expectativas para o Dia das Crianças, mas foi impedido de brincar e se divertir com sua família e seus amigos por estar no lugar que toda criança deve estar, a escola. Quem está fora do lugar nessa história são os criminosos que impõem  sua guerra a tantos inocentes.

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